postado em 19/11/2009 08:47
A menos de 20 dias da Cúpula sobre Mudanças Climáticas, em Copenhage, o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) alertou o mundo, por meio de um relatório, sobre o impacto do crescimento e das dinâmicas populacionais no aquecimento global. Segundo o texto, "a maior parte do crescimento populacional passado foi responsável por cerca de 40% a 60% do aumento das emissões". A expectativa é de que a divulgação prévia do estudo leve os líderes mundiais a discutir, na Dinamarca, não apenas as cotas de emissões de gases poluentes por países desenvolvidos e em desenvolvimento, mas soluções complementares, como planejamento familiar e um maior acesso das mulheres - grupo considerado o mais afetado pelas mudanças climáticas - a "serviços e oportunidades".
O órgão da ONU afirmou que 200 milhões de pessoas em todo o mundo poderão ter que deixar os seus lares devido às degradação ambiental por conta do aquecimento do planeta, até 2050. "Uma eventual elevação de um metro dos mares pode desalojar milhões, já que uma em cada 10 pessoas vive em cidades litorâneas", disse o representante do UNFPA no Brasil, Harold Robinson. "O Brasil também corre riscos, já que possui uma parcela expressiva de sua população vivendo ao longo da costa".
A maior preocupação do relatório Enfrentando um mundo em transição: mulheres, população e clima, contudo, é com a população feminina - a maioria do 1,5 bilhão de pessoas que vivem com US$ 1 ou menos por dia. "As mulheres têm menores oportunidades de emprego e renda, menor mobilidade e estão mais expostas aos desastres naturais, além de terem maior probabilidade de perder a vida em situações relacionadas às condições meteorológicas extremas", afirma o estudo. O UNFPA alerta para a necessidade de os governos incluírem as mulheres na discussão do clima.
A coordenadora do programa populacional, Taís Santos, ressaltou que não há "apologia" contra o crescimento populacional. "O crescimento populacional, em si, não é o grande vilão, mas o estilo de vida, o padrão de consumo e o modelo de desenvolvimento". Segundo ela, o Brasil está "um pouco à frente de outros países da América e da Ásia". "Temos uma taxa de fecundidade já abaixo do nível de reposição, uma esperança de vida relativamente alta, e uma política de saúde para a mulher bastante razoável", avalia.