postado em 19/11/2009 20:14
O discurso de posse do presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, englobou tudo o que o Ocidente gostaria de ouvir. Combate à corrupção, o fortalecimento da soberania nacional e o compromisso em restaurar a credibilidade do país e conquistar a confiança dos aliados, que começam a endurecer o discurso com o líder após quase nove anos de guerra e mais de 1.500 soldados da coalização mortos.
[SAIBAMAIS]Diante de uma plateia de 800 convidados, incluindo a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, e o secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, David Milliband, Karzai projetou que dentro de cinco anos - duração de seu segundo mandato - o exército nacional deve assumir o controle total da segurança nacional. "O papel das tropas internacional será gradualmente reduzido", disse, durante a cerimônia realizada no Palácio Presidencial, em uma Cabul sob forte esquema de segurança. Atualmente, a tarefa cabe aos quase 110 mil soldados da coalização internacional. A segurança, no entanto, não conseguiu impedir dois ataques suicidas no sul do país, poucas horas após a posse, que mataram pelo menos 12 pessoas, incluindo dois soldados americanos.
Muito criticado dentro e fora do país pela corrupção e incompetência de seu governo, Karzai prometeu "aprender com os erros" e pôr fim à "cultura de impunidade", além de combater o intenso tráfico de narcóticos, que financia tanto o Talibã quanto a corrupção, qualificada por ele como um "problema muito perigoso". De acordo com o a ONG Transparency Internacional, o Afeganistão é o segundo país mais corrupto do mundo, perdendo apenas para a Somália. Apesar do anúncio da criação de uma unidade especial de combate à corrupção no país, na quarta-feira Hillary Clinton cobrou mais empenho do governo afegão e avisou que a ajuda militar e financeira dos EUA será condicionada aos esforços de Cabul em construir um governo "responsável e transparente". O presidente americano, Barack Obama, deve anunciar em breve a nova estratégia militar para o país.
Reeleito em um processo eleitoral marcado por fraudes generalizadas, o líder de 51 anos anunciou a convocação de uma "loya jirga", um conselho tribal, para convidar "compatriotas dissidentes que não estão diretamente ligados ao terrorismo internacional a retornar à sua terra natal". O convite não foi bem visto pelos rebeldes talibãs. O porta-voz da milícia, Zabiullah Mujahid, disse à agência Associated Press que "o chamado de Karzai para que o Talibã se aproxime do governo não tem sentindo. Ele se tornou presidente por meio de fraudes e mentiras".