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Partida de Van Rompuy ameaça frágil equilíbrio político na Bélgica

Agência France-Presse
postado em 20/11/2009 13:07
BRUXELAS - Com a partida do primeiro-ministro belga, Herman Van Rompuy, para assumir a presidência da União Europeia (UE), o pequeno reino da Bélgica, dividido entre flamengos de língua holandesa e valões francófonos, teme recair na crise política que o deixou à beira da secessão em 2008. O rei Albert II iniciou nesta sexta-feira (20/11) uma rodada de consultas para formar um novo governo sem Van Rompuy, de 62 anos, que na quinta-feira foi escolhido para ser o primeiro presidente da UE pelos chefes de Estado e governo dos países membros do bloco. Em onze meses no poder, o premiê democrata cristão flamengo conseguiu fazer funcionar o governo e manter unida uma coalizão de cinco partidos que representam flamengos e valões, liberais, conservadores e socialistas, após longos meses de caos político que por pouco não cindiram o país. Por este motivo, sua nomeação à frente da UE, que entra em vigor no dia 1º de janeiro de 2010, foi ao mesmo tempo celebrada como honra nacional e vista com preocupação pelos belgas. "Nosso país precisa de estabilidade, de um governo que governe", declarou o líder dos socialistas francófonos, Elio Di Rupo, enquanto os ecologistas faziam um apelo para "evitar que a Bélgica suma de novo no caos". Descartada, a princípio, a realização de eleições antecipadas, o Partido Democrata Cristão Flamengo de Van Rompuy foi encarregado de designar um novo primeiro-ministro até o fim da atual legislatura, em 2011. Provável é que o sucessor de Van Rompuy seja seu predecessor: Yves Leterme, que se viu forçado a sair do governo em dezembro de 2008 depois de um escândalo político-financeiro ligado à bancarrota do banco Fortis. Desde então, Leterme foi absolvido pela justiça e se transformou em ministro das Relações Exteriores. Seu eventual regresso preocupa os valões francófonos, que receberam de braços abertos a moderação de Van Rompuy depois de um período de mais radicalismo com Leterme - com direito a gafes e provocações, como no dia em que ele confundiu o hino nacional belga com a Marselhesa francesa. Entretanto, apesar do ceticismo dos valões sobre a capacidade de Leterme para evitar uma nova "febre comunitária", os partidos francófonos tampouco parecem dispostos a vetar sua volta. "Se ele se comprometer a garantir a estabilidade do país e a resolver os problemas econômicos, então sim, poderá ser primeiro-ministro", declarou a ministra socialista Laurette Onkelinx. Para o jornal flamengo De Standaard, Leterme tem nas mãos "a última oportunidade para demostrar que foi feito para o cargo". Mais pragmático, o jornal francófono Le Soir estimou que "com todos os partidos políticos em ação, Yves Leterme terá um só dever: evitar a crise".

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