postado em 20/11/2009 14:55
O embaixador do Irã no Brasil, Mohsen Shaterzadeh, disse nesta sexta-feira (20/11), em entrevista coletiva, que seu país não vê problema em abrir diálogo com os Estados Unidos, mas ressaltou que, para dar início às conversas, é necessário que o governo norte-americano promova uma "mudança de postura". Segundo ele, os Estados Unidos, e não o Irã, estão em posição de isolamento em relação ao mundo.
"O governo iraniano não vê problemas em abrir diálogo com os Estados Unidos. Apenas esperamos que haja antes uma mudança de atitude por parte deles, com ações práticas, concretas, positivas, e com sinceridade. Enfim, esperamos mudanças práticas de postura para dar início às conversas", disse o embaixador. "Há 30 anos, os Estados Unidos bloqueiam bens iranianos em seu território e, em meio a a isso, fazem contínuas ameaças ao nosso país", completou.
"Um mal metálico coberto com luva de qualidade não serve para o Irã", disse Shaterzadeh, citando fala do líder espiritual iraniano, aiatolá Ali Khamenei, sobre a postura norte-americana. "Não queremos mudanças apenas de palavras, mas mudanças práticas, demonstradas por atitudes", acrescentou.
Shaterzadeh afirmou que, se fosse enumerar os erros dos Estados Unidos, "teria de escrever um livro". Ele lembrou situações como a explosão de um avião comercial iraniano com mais de 150 passageiros no espaço aéreo do Golfo Pérsico, pela Força Aérea norte-americana. "Eles sequer pediram desculpas por isso", lamentou o embaixador. "Além disso", acrescentou, "os Estados Unidos impedem a venda de componentes para reparação de aviões de passageiros no Irã, o que coloca muitas vidas em risco".
Para o embaixador, a política internacional adotada pelos norte-americanos nos últimos anos acabou isolando o próprio país. "Não acreditamos que o Irã esteja isolado. Só nos últimos anos, nosso presidente visitou mais de 60 países, e temos acordos de cooperação com mais de 40. São os Estados Unidos que estão ficando isolados. E esse isolamento pode ser demonstrado até mesmo em suas negociações, nas quais pouco a pouco vão tendo de mudar de atitude."