BRUXELAS - Os seis países envolvidos nas negociações sobre o programa nuclear iraniano se disseram nesta sexta-feira (20), "decepcionados" com a atitude de Teerã, que não respondeu "positivamente" à proposta da Agência Internacional da Energia Atômica (AIEA) referente ao enriquecimento de urânio no exterior.
"Estamos decepcionados com a falta de progressos" registrados desde a reunião entre os seis (Estados Unidos, China, Rússia, França, Grã-Bretanha e Alemanha) e o Irã do dia 1 de outubro passado em Genebra", declarou Robert Cooper, porta-voz do chanceler da União Europeia (UE) Javier Solana, depois de um encontro entre todas as partes envolvidas em Bruxelas. "O Irã não respondeu positivamente à proposta de acordo da AIEA referente a um reator nuclear de pesquisa em Teerã", lamentou Cooper.
As grandes potências exortaram o Irã a iniciar "um diálogo sério" com elas. Um alto representante da UE afirmou por sua vez que sanções contra Teerã foram estudadas durante a reunião desta sexta-feira, mas não "de forma específica".
"Houve uma discussão geral sobre as sanções. A resposta é que sobre todos estes elementos há uma questão de calendário, e este não era o momento apropriado" para sanções, disse a fonte, que não quis ser identificada.
"A estratégia de dois eixos continua válida", acrescentou, referindo-se à política da comunidade internacional que consiste em emitir propostas de cooperação e ao mesmo tempo a ameaçar com novas sanções.
Quarta-feira, Teerã rejeitou a proposta internacional que lhe foi feita sobre o enriquecimento de seu urânio.
O Irã se recusa a transferir para o exterior seu urânio pouco enriquecido, o que constitui uma rejeição do principal ponto da proposta emitida pela AIEA no dia 21 de outubro.
O diretor-geral da AIEA, Mohamed ElBaradei, tratou de mostrar otimismo nesta sexta-feira, afirmando que a resposta do Irã não é definitiva. Ele expressou a esperança de que um acordo possa ser concluído "até o fim deste ano" e emitiu dúvidas sobre a eficácia das novas sanções contra Teerã.
Segundo o cenário imaginado pela AIEA, o Irã enviaria cerca de 70% de seu urânio pouco enriquecido à Rússia, onde seria enriquecido novamente antes de ser levado para a França, que o transformaria em combustível para um reator nuclear de pesquisa em Teerã.
Quinta-feira, o presidente americano, Barack Obama, afirmou que os Estados Unidos e seus aliados estavam analisando as "consequências" da atitude iraniana.
O Irã já é alvo de três resoluções do Conselho de Segurança da ONU acompanhadas de sanções.
O ministro iraniano das Relações Exteriores, Manuchehr Mottaki, expressou quarta-feira o desejo de organizar uma nova reunião "técnica" com os Estados Unidos, a Rússia e a França sob a supervisão da AIEA para conversar mais sobre o projeto. A proposta, porém, já foi rejeitada por Paris.