postado em 22/11/2009 10:44
PEQUIM - O balanço da explosão de sábado em uma mina de carvão do nordeste da China subiu para 87 mortos, e cerca de 20 operários continuavam presos a centenas de metros de profundidade neste domingo. A explosão que abalou uma mina estatal da província de Heilongjiang, perto da fronteira russa, deixou 87 mortos e 21 desaparecidos, anunciou neste domingo em seu site a Administração Estatal da Segurança do Trabalho.Trata-se do pior acidente deste tipo dos dois últimos anos na China. Os socorristas localizaram oito dos operários presos na mina, mas ainda não sabem se eles estão vivos, informou a agência semioficial CNS.
As operações de resgate estão complicadas, porque os operários trabalhavam em 28 lugares diferentes e a cerca de 500 metros de profundidade quando aconteceu a explosão. Este acidente é o mais mortífero na China, país onde o carvão fornece quase 70% da energia, desde a explosão de gás que matou 105 pessoas numa mina da província de Shanxi em dezembro de 2007.
A mina da cidade de Hegang, onde ocorreu a tragédia de sábado, é uma das mais antigas e maiores da China. Ela produz cerca de 1,45 milhão de toneladas de carvão por ano. Sábado, o balanço da catástrofe era de 42 mortos.
A explosão ocorreu quando 528 operários estavam trabalhando dentro da mina. Segundo a imprensa local, a deflagração foi sentida a 10 km de distância. "Estávamos nos preparando para subir quando ocorreu a explosão, que projetou pedras e pedaços de vidro em todas as direções", relatou o operário Wang Xingang à emissora China National Radio.
"Começamos a correr e a gritar para que todos saiam. Não dava para ver nada por causa da fumaça", contou. "Estava com um grupo de dez pessoas quando foi dada a ordem de voltar à superfície. Não sei os outros sobreviveram", declarou outro operário, Fu Maofeng, ao jornal East Asia Trade News.
Os operários que estavam mais perto da superfície tinham recebido a ordem de subir devido a níveis de gás considerados elevados nas galerias. A explosão aconteceu na mesma hora em que Fu chegou à superfície. Cerca de 400 pessoas conseguiram sair antes da explosão, 60 das quais tiveram que ser internadas por problemas respiratórios ou fraturas.
"Seis dos feridos estão em estado crítico", destacou à rádio Pan Xiaowen, diretor do hospital geral de Hegang.
A entrada principal da mina estava bloqueada por um monte de destroços, obrigando os socorristas, devidamente equipados com tanques de oxigênio, a entrar por um poço adjacente, relatou a imprensa.
A mina pertence à companhia estatal Heilongjiang Longway Mining, com sede em Harbin, a capital da província. Sábado, o presidente Hu Jintao e o primeiro-ministro Wen Jiabao ordenaram que tudo fosse feito para resgatar os últimos operários. O vice-primeiro-ministro, Zhang Dejiang, se deslocou ao local para supervisionar as operações.
Os três principais dirigentes da mina foram demitidos, anunciou a agência CNS. As minas de carvão chinesas estão entre as mais perigosas do mundo. Mais de 3.200 pessoas morreram no ano passado em acidentes semelhantes, segundo dados oficiais considerados muito aquém da realidade.
A China vem tentando há vários anos modernizar suas minas para prevenir este tipo de acidente. O governo concede às minas cerca de 200 milhões de euros em subsídios, investidos em maioria nas tecnologias de captação do metano. Este gás é o principal responsável pelas explosões nas minas.
Segundo números citados pela imprensa oficial, o governo liberou 15 milhões de yuans (1,4 milhão de euros) desde 2005 para melhorar as minas existentes.
O governo chinês também lançou há alguns anos uma ampla campanha para o fechamento das pequenas minas, frequentemente ilegais e perigosas. No entanto, muitas delas continuam funcionando, devido à corrupção das autoridades locais.
Entretanto, segundo Pequim, o número de vítimas de acidentes em minas diminuiu bastante nos últimos anos. De acordo com estatísticas oficiais, 1.888 pessoas morreram entre janeiro e setembro deste ano nas minas de carvão chinesas.