Isabel Fleck, Thiago Rizério e Gabriela Lima
Com uma hora de atraso, o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad chegou, às 12h25, ao Palácio do Itamaraty. Ele se encontrou com o chefe do executivo brasileiro, Luís Inácio Lula da Silva, e empresários para tratar sobre diversos assuntos, entre eles acordos bilaterias, questões comerciais e o programa nuclear do Irã.
Em frente ao Itamaraty, manifestantes aguardavam desde o início da manhã a chegada do líder polêmico. O maior grupo protesta contra a presença do presidente iraniano no país. Com cartazes, eles gritavam palavras de ordem como "Um, dois, três, quatro, cinco, mil, queremos Ahmadinejad fora do Brasil".
Um dos manifestantes chegou enrolado em uma bandeira dos Estados Unidos. Para Thiago Matias, "se é inimigo do Irã, então vale", disse em tom de brincadeira. No entanto, o estudante defendeu a postura. "O governo brasileiro mostra incoerência ao convidar um líder que agride princípios básicos. Nega a existência do Holocausto e ainda promove o extermínio de uma nação (Israel). Exterminar um país não vai construir a paz", completou o rapaz, se referindo a uma declaração de Ahmadinejad, que já chegou a dizer que Israel deveria ser "banida do mapa".
Com opinião mais moderada que Thiago, Daniella Hiche, que não pedia a saída do líder iraniano do país, explicou que "o importante é que o Brasil dialogue com o Irã sobre direitos humanos, liberdade de expressão, direitos das mulheres..." Daniella era uma das pessoas que não gritavam "Fora". Ela e um grupo de amigos pediam "Paz e direitos humanos no Irã".
[SAIBAMAIS]Em menor número, mas não menos empolgados, os manifestantes pró-Ahmadinejad também se reuniram na Esplanada dos Ministérios. Alguns iranianos, outros brasileiros e até palestinos balançavam bandeiras do Irã, tiravam fotos e se mostravam animados com a presença do presidente estrangeiro em Brasília.
Um dos apoiadores de Ahmadinejad, Faraj Ali, que apesar do nome, é brasileiro, explicou que o respeito aos direitos humanos deve ser discutido por todos. "Estamos aqui e queremos também lutar pelos direitos humanos, mas em todo o mundo. Israel desrespeitou a questão palestina. Há desrespeito em Guantánamo. Então defendemos um mundo mais justo, que todas as nações respeitem o que está sendo falado aqui", disse, fazendo referência aos protestos.
Os manifestantes ocuparam duas faixas da via S1, em frente ao Itamaraty, no sentido Rodoviária do Plano Piloto-Congresso Nacional e o trânsito ficou lento por alguns momentos.