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Vítimas de Douch, torturador do Khmer Vermelho, consideram confissão mentirosa

Agência France-Presse
postado em 23/11/2009 17:57
Os advogados das vítimas do Khmer Vermelho acusaram nesta segunda-feira o torturador da prisão de Tuol Sleng, em Pnom Penh, de falsificar a história e de mentir no tribunal, minimizando seu papel na tortura e execução de pelo menos 15.000 pessoas entre 1975 e 1979.

O acusado, Kaing Guek Eav, conhecido como Douch, hoje com 67 anos, está sendo julgado por crimes de guerra e crimes contra a humanidade, cometidos durante o tempo que passou à frente da sinistra prisão de Tuol Sleng, denominada S-21.

Em uma semana decisiva para o processo, antes da deliberação que deve durar meses, os advogados dos demandantes consideraram que as confissões do acusado são incompletas, mentirosas e calculadas.

"No é Schindler que está diante de nós, não é um homem que tentou limitar o sofrimento", afirmou o advogado Karim Khan, referindo-se ao empresário alemão que salvou mil judeus durante o Holocausto.

Douch, "ao contrário, fazia seu trabalho com dedicação", acrescentou.

Dos cinco membros do regime Khmer hoje detidos, Douch é o primeiro a ser julgado e o único que colaborou com a justiça durante o processo.

Em suas declarações, no entanto, diz que agiu sepre por medo de que o matassem, e negou o papel político que a promotoria o atribui.

"A cooperação com o tribunal e suas supostas fiéis confissões são incompletas", denunciou Kong Pisey, outro advogado das vítimas. "A estratégia de defesa do acusado de negar qualquer envolvimento pessoal na tortura e nos assassinatos é um fracasso".

O tribunal apresentou provas irrefutáveis da responsabilidade de Douch, zeloso servidor do delirante projeto de sociedade do regime de Pol Pot, que matou dois milhões de pessoas - um quarto da população do Camboja na época.

Os juízes se baseram em arquivos do Khmer Vermelho, em depoimentos de especialistas, sobreviventes e testemunhas, que descrevem as torturas sistemáticas praticadas em Tuol Sleng, de onde os supliciados eram levados para Choeung Ek, perto de Pnom Penh, onde eram assassinados.

A defesa do acusado alega que suas confissões são sinceras, e tenta evitar que Douch seja condenado à prisão perpétua, a pena máxima.

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