postado em 23/11/2009 19:43
O programa iraniano de energia nuclear foi defendido nesta segunda-feira (23) pelo presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. Ele justificou que a produção de urânio enriquecido em seu país obedece às normas internacionais e negou ameaças à paz ou riscos de fabricação de armas nucleares.De acordo com Ahmadinejad, a usina nuclear iraniana foi construída há mais de 40 anos e funciona com urânio enriquecido a 20%. Segundo ele, o Irã tem capacidade de produzir este tipo de combustível, mas atualmente vem produzindo apenas o urânio enriquecido a 3,5%.
[SAIBAMAIS]Em decorrência da desconfiança da comunidade internacional, que levanta suspeitas de que o objetivo do programa nuclear do Irã tenha fins armamentícios, Ahmadinejad alegou que, recentemente, concordou em comprar o combustível dos Estados Unidos e da Rússia. Segundo ele, houve uma proposta de troca do urânio de 3,5% pelo combustível de 20%, necessário para sua usina.
;Em princípio, concordamos com o plano. De repente, constatamos que eles estavam empreendendo propaganda contra nós e dizendo que queríamos enriquecer esse urânio em 25%. Essa propaganda causou sentimento negativo no Irã;, afirmou o presidente iraniano.
Segundo Ahmadinejad, as acusações minaram a credibilidade nas negociações, uma vez que o Irã já possui a tecnologia necessária para fazer o enriquecimento de urânio a 25% e estaria evitando por em prática essa capacidade, numa tentativa de fortalecer as relações com o Ocidente. Ele justificou, ainda, que não pretende abdicar do uso de tecnologia nuclear para fins pacíficos. ;Não vamos abrir mão de nossos direitos legais;, afirmou.
O presidente iraniano disse ser vítima de acusações de que estaria impedindo a fiscalização da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão ligado às Nações Unidas (ONU) ; que faz frequentes inspeções nas usinas de seu país. O iraniano afirmou ter respondido a seis perguntas enviadas pela agência com antecipação.
;A agência, por sua vez, endossou as respostas e entregou documentos atestando a legalidade do programa iraniano;, alegou o presidente. Mesmo assim, segundo ele, o governo do ex-presidente americano George W. Bush, buscou novos ;pretextos; para hostilizar o país.
No discurso que fez, ao lado de Ahmadinejad, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse apoiar o programa nuclear iraniano para fins pacíficos. Segundo ele, o Irã tem o mesmo direito que o Brasil de enriquecer urânio para utilizar em sua usina atômica. ;O Brasil tem um modelo de desenvolvimento de energia nuclear reconhecido pela agência da ONU. Aquilo que defendemos para nós, nós também defendemos para os outros países;, afirmou Lula. O Brasil utiliza energia atômica, atualmente, em suas usinas nucleares Angra I e II.