Agência France-Presse
postado em 26/11/2009 10:43
MONTE ARAFAT - Mais de dois milhões de pessoas se reuniram nesta quinta-feira (26/11) no monte Arafat para um dia dedicado às orações, um momento importante da peregrinação a Meca, que foi, no entanto, marcada por um ato pacífico dos fiéis iranianos contra os inimigos do Islã.
Este encontro aconteceu sob um céu claro, um dia após as tempestades que causaram a morte de 48 pessoas na região de Meca. A pé ou de ônibus, os peregrinos de todas as nacionalidades voltavam do vale de Mina, onde haviam passado a noite, ao monte Arafat, a quase 20 km da cidade santa.
No monte rochoso, local do último sermão do profeta Maomé, em 632, os peregrinos rezarão durante todo o dia e invocarão a misericórdia divina. "Não consigo acreditar. Estou no monte Arafat, seguindo os passos do profeta Maomé. Este é o dia mais bonito da minha vida", declarou Fatima, vinda do Marrocos.
O fluxo de peregrinos de Mina a Arafat está sendo acompanhado por um grande dispositivo de segurança e a situação está sob controle, afirmaram as autoridades sauditas.
As chuvas torrenciais que caíram quarta-feira sobre Meca e a cidade portuária de Jeddah inundaram a cidade de Mina, onde os fiéis passaram a noite, obrigando alguns a deixarem suas tendas. "Minha tenda foi inundada. Para onde posso ir?", perguntou Adham Ibrahim, um peregrino egípcio sentado num tapete de reza no monte Arafat. As autoridades sauditas não disseram se os peregrinos estão entre as vítimas das inundações, incomuns nesta estação do ano.
Ao cair da tarde, os peregrinos devem voltar à cidade de Mina para preparar a sexta-feira de Aïd al-Adha, a festa do sacrifício, antes do rito do apedrejamento das colunas que simbolizam Satã.
Além disso, um dos momentos mais tensos da peregrinação, a tradicional manifestação antiamericana dos fiéis iranianos, aconteceu sem incidentes nesta quinta-feira pela manhã. Milhares de iranianos participaram do ato, com cartazes hostis ao Estado hebreu e aos Estados Unidos.
A manifestação, convocada pelos dirigentes iranianos, aconteceu quando os policiais sauditas estavam distantes do acampamento dos peregrinos iranianos, perto do monte Arafat. Era difícil de avaliar o número de pessoas nesta manifestação, entre os 65 mil fiéis iranianos presentes na Meca, a maioria peregrinos que haviam deixado suas tendas.
O chefe da delegação iraniana, xeque Mohammed Richari, leu uma mensagem do guia supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, na qual denunciou os inimigos do islã que trabalham pra dividir os muçulmanos.
Ele denunciou a ação dos inimigos do islã na Palestina, em Gaza, no Afeganistão e no Iraque, lamentando a guerra entre os rebeldes xiitas e o governo no Iêmen, que constitui segundo ele "um golpe nas costas dos muçulmanos". A manifestação ocorreu apesar das advertências das autoridades sauditas contra uma politização da peregrinação.
Em 1987, a repressão pela polícia saudita de uma manifestação de peregrinos iranianos deixou 402 mortos, dos quais 275 iranianos. As relações diplomáticas entre Riad e Teerã eram tensas e os iranianos haviam sido proibidos de participar da peregrinação até 1991.