Agência France-Presse
postado em 26/11/2009 13:08
WASHINGTON - Os Estados Unidos garantiram que vigiarão atentamente as eleições de domingo em Honduras, para depois decidir se vão reconhecê-las, uma arriscada postura que pode manchar a imagem do governo de Barack Obama na região.
"Para que a vontade popular possa se expressar claramente, as eleições devem ser realizadas em um contexto que permita aos candidatos, a todos, fazer campanha em um ambiente de paz e segurança", declarou o novo vice-secretário de Estado para a América Latina, Arturo Valenzuela, em sua apresentação na Organização dos Estados Americanos (OEA).
O governo de Obama insiste ante o governo de fato de Honduras que está preocupado com as violações dos direitos humanos. Mas Washington não tomará decisão antecipada sobre as eleições porque, acima de tudo, os hondurenhos têm direito de escolher seus representantes, e porque a eleição já estava inscrita no calendário legal do país, indicou Valenzuela na OEA.
De forma mais discreta, fontes oficiais reconhecem que esta situação instável, com o presidente deposto Manuel Zelaya, abrigado na embaixada do Brasil, e atos suspeitos de violência em diversos pontos do país, esboça um panorama muito mais complexo. Mas, em vez de enviar uma missão para monitorar de perto esta situação, o governo de Obama se aliou por enquanto a seis sócios da OEA, que ignoram ferozmente o regime de fato.
Os Estados Unidos vão elaborar uma lista de observadores independentes, de fundações conservadoras a exilados cubanos (inclinados ao governo de fato), assim como organizações não governamentais (muito críticas aos atuais governantes).
"O desafio para Valenzuela é encontrar uma fórmula para aproveitar as eleições e resolver a crise, sem polarizar ainda mais as relações interamericanas", considerou Peter Hakim, do centro de análises Diálogo Interamericano.
Longe de ignorar a crise, Washington assumiu as rédeas da mediação, gerando aplausos em Honduras. Os Estados Unidos conseguiram que tanto Zelaya como o presidente de fato, Roberto Micheletti, assinassem o acordo de Tegucigalpa/San José que abriu o caminho para a resolução da crise.
Foram os Estados Unidos que conseguiram que tanto Zelaya como o presidente de fato, Roberto Micheletti, assinassem o acordo de Tegucigalpa/San José que entreabriu, com soluções concretas, a porta para a solução da crise.
As fontes oficiais americanas querem dar a impressão de ter a delicada situação sob controle em seus contatos com a imprensa em Washington. Isso já começa a provocar desencanto nas capitais latino-americanas. A política do presidente Obama gera "um certo sabor de decepção", comentou na quarta-feira Marco Aurélio García, assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.