Agência France-Presse
postado em 27/11/2009 10:45
JERUSALÉM - Uma forte polêmica agita o Exército israelense desde que os soldados religiosos manifestaram sua intenção de desobedecer as ordens superiores em caso de evacuação das colônias judias da Cisjordânia.
A hierarquia do Tsahal (Exército), preocupada com esta situação, pediu aos rabinos que dirigem as escolas talmúdicas que enviam seus alunos para o exército que condenem publicamente esses soldados. De acordo com o general Tzvi Zamir, diretor de recursos humanos do Tsahal, alguns rabinos incitam seus jovens discípulos a desobedecer as ordens contrárias a sua fé.
A controvérsia surgiu depois que quatro soldados que exibiam cartazes hostis às operações de evacuação das colônias judias ilegais da Cisjordânia foram condenados a penas de prisão. Outros foram punidos por seus superiores. Estes soldados prestam seu serviço nacional dentro do "Yeshivat Hesder", um sistema que lhes permite assumir as obrigações militares ao mesmo tempo em que continuam com seus estudos nos institutos talmúdicos.
Este sistema inclui todos os anos 1.600 novos inscritos que permanecem cinco anos no exército, ao invés dos três anos para os demais, sendo que, neste caso, apenas 24 meses são consagrados a atividades militares. O resto do tempo é destinado aos estudos religiosos.
A maioria dos jovens judeus não faz seu serviço militar graças a um acordo com o Estado que os autoriza a estudar nas yeshivot (escolas talmúdicas). Em compensação, os religiosos sionistas consideram o fato de se alistar no Exército um dever sagrado.
O rabino Eliezer Melamed publicou um artigo justificando a negativa dos soldados religiosos de obedecer as ordens superiores quando são contrárias às leis da Torá.
No entanto, a União dos "Yeshivot Hesder", que agrupa 62 institutos talmúdicos, se comprometeu a não incentivar os protestos políticos dos soldados, apesar de considerar necessário realizar um debate na sociedade israelense sobre a utilização de soldados para missões de caráter policial.
O capelão militar geral do Tsahal, rabino Avihai Ronski, pertencente ao sionismo religioso, pediu que peçam baixa do Exército os soldados desobedientes, embora também se mostre contrário ao envio de recrutas a realizar missões policiais.