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Ministro alemão pede demissão por polêmico bombardeio no Afeganistão

Agência France-Presse
postado em 27/11/2009 12:36
BERLIM - O ministro do Trabalho alemão, Franz-Josef Jung, ministro da Defesa até outubro, anunciou nesta sexta-feira (27/11) sua demissão em consequência do polêmico bombardeio aéreo no Afeganistão em setembro, no qual 142 pessoas morreram, em sua maioria civis. "Esta manhã informei à chanceler Angela Merkel que renunciava a meu posto de ministro do Trabalho", afirmou Jung à imprensa. "Desta forma, assumo a responsabilidade pela política de informação do ministério da Defesa", acrescentou. Na véspera, seu sucessor, Karl-Theodor zu Guttenberg, anunciou a renúncia do chefe do Estado-Maior e de um secretário de Estado para a Defesa, depois de informações sobre o ocultamento de provas na investigação sobre este mortífero ataque. Jung, que ocupa desde outubro o cargo de ministro do Trabalho, negou-se no mesmo dia a renunciar, garantindo ter colaborado plenamente com todas as investigações efetuadas sobre o caso. Nesta sexta-feira, Jung afirmou que não tinha nada a acrescentar a sua declaração de quinta-feira no Parlamento. "Eu informei corretamente ao público e o parlamento sobre o que sabia", indicou. Depois explicou sua partida afirmando que não queria afetar o bom funcionamento governamental nem o prestígio do Bundeswehr (Exército alemão). O jornal Bild revelou na quinta-feira que várias informações foram dissimuladas pela Defesa sobre a ação que deixou, segundo a Otan, 142 mortos, muitos deles civis. As retenções de informações, confirmadas por Guttenberg, provocaram críticas da oposição, assim como de alguns representantes da maioria. O escândalo estourou no dia em que os deputados iniciaram um debate sobre a prorrogação do mandato da impopular mobilização militar alemã no Afeganistão. No dia 4 de setembro, em plena campanha eleitoral na Alemanha, a Otan bombardeou, a pedido do oficial alemão responsável pela região, o coronel Georg Klein, dois caminhões-tanque roubados pelos talibãs perto de Kunduz. O oficial temia que os veículos fossem utilizados como bombas contra suas forças. Apoiando-se num relatório do Exército e em vídeos, o Bild afirmou que o coronel Klein ordenou o ataque sem que tivesse descartado claramente a presença de civis, o que é contrário ao regulamento da Otan e às diretrizes do general Stanley McChrystal, comandante das forças internacionais no Afeganistão. Segundo uma fonte militar da Otan, pilotos de caças americanos sugeriram duas vezes fazer uma "demonstração de força" com fins de intimidação, mas o comandante alemão exigiu o uso imediato da força. Ainda segundo o Bild, o ex-ministro da Defesa, Franz Josef Jung, ficou sabendo de possíveis vítimas civis muito antes de anunciá-lo publicamente.

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