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Lacalle tenta voltar à presidência no Uruguai em novo momento histórico

Agência France-Presse
postado em 28/11/2009 18:31
O veterano político Luis Lacalle, 68 anos, tentará mais uma vez se eleger presidente do Uruguai no segundo turno deste domingo (29/11), diante do desafio de suceder a um governo de esquerda bem sucedido nas esferas econômica e social, e da necessidade de apagar um passado neoliberal.

Nascido em 13 de julho de 1941, Lacalle - neto de Luis Alberto de Herrera, um dos principais caudilhos do Partido Nacional (PN) - tem um longa carreira política, iniciada em 1962.

Em 1971, foi eleito representante da Câmara dos Deputados, durante um período de muitas tensões no Uruguai. Cumpriu seu mandato até o fechamento do Congresso pelo presidente Juan María Bordaberry, que deu um golpe de Estado em 27 de junho de 1973.

Lacalle foi preso depois do golpe, permanecendo preso por algumas semanas. Além disso, foi alvo de um atentado em 1978: recebeu, como os dirigentes do PN Carlos Julio Pereyra e Mario Heber, uma garrafa de vinho envenenada, enviada por um anônimo.

Nenhum dos destinatários chegou a beber o conteúdo das garrafas, com exceção da mulher de Heber, Cecilia Fontana, que faleceu. Sua morte é investigada até hoje pela justiça.

[SAIBAMAIS]Em 1981, quando o fim da ditadura começou a despontar no horizonte, Lacalle fundou o Conselho Nacional Herrerista dentro do Partido Nacional. Nas eleições de 1984, que deram origem à redemocratização de 1985, foi eleito senador, abandonando o exercício da advocacia.

Nas eleições de 1989, chegou à presidência com 38% dos votos. Era a terceira vez em que o Partido Nacional chegava ao poder no século XX.

Casado com Julia Pou, com quem teve três filhos (Pilar, Luis Alberto e Juan José), Lacalle impulsionou a liberalização da economia e a privatização de empresas públicas, reformas que sofreram um duro golpe em 1992, com um plebiscito organizado pelos sindicatos e pela esquerda para bloqueá-las.

Mesmo assim, foi o responsável pela entrada do Uruguai no Mercosul, que havia começado com uma aliança entre Argentina e Brasil.

Em 1995, após o fim de seu mandato, enfrentou denúncias de corrupção, e a justiça condenou dois funcionários de seu governo, o que afetou sua imagem política.

Entretanto, na votação interna de abril de 1999, Lacalle conseguiu a candidatura presidencial do Partido Nacional, mas acabou sofrendo uma severa derrota nas eleições. Ele ficou em terceiro lugar, atrás do Partido Colorado e da coalizão de esquerda Frente Ampla.

Político hábil, Lacalle voltou à cena pública e venceu as primárias de junho contra seu rival partidário, Jorge Larrañaga, que agora o acompanha na chapa presidencial como vice.

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