Agência France-Presse
postado em 28/11/2009 18:38
José Mujica, dirigente histórico da guerrilha urbana Movimento de Libertação Nacional Tupamaros (MLN-T), é o favorito para vencer o segundo turno deste domingo (29/11) no Uruguai como candidato da coalizão governista de esquerda Frente Ampla.Com 74 anos, senador e ex-ministro da Fazenda, Mujica teve uma vida difícil, mas agora se dedica, além da política, a plantar hortaliças em uma fazenda do noroeste de Montevidéu.
Foi um dos fundadores da guerrilha tupamara surgida no início dos anos 60 como grupo clandestino que tentava desmontar pela via armada o Estado "burguês" e o sistema capitalista. Porém, hoje mostra-se mais moderado.
Mujica, que levou nove tiros, ficou preso em 1970 e participou da fuga em massa da Prisão de Punta Carretas em setembro de 1971.
Foi recapturado e, em 1972, quando as forças conjuntas (policiais e militares) derrotaram o aparato militar tupamaro, passou a ser um dos denominados "reféns da ditadura (1973-1985), que estiveram presos em diferentes cartéis do país em condições desumanas".
[SAIBAMAIS]Em 1985, com a restauração da democracia, foi anistiado pelo governo de Julio Sanguinetti (1985-1990 e 1995-2000).
Casado com a senadora e também tupamara Lucía Topolansky e sem filhos, Mujica foi o primeiro dirigente histórico do MLN-T a entrar para a Câmara dos Deputados em 1995, após um rearranjo político dos ex-guerrilheiros que se envolveram no sistema político e, em 1989, se incorporou à Frente Ampla.
Após as eleições 1999, passou a ocupar uma cadeira no Senado e, em 2005, quando a FA assumiu o primeiro governo de esquerda da história do país, o grupo de Mujica foi o mais votado dentro da coalizão.
Desde então, foi ministro da Fazenda, Agricultura e Pesca (cargo que ocupou até março de 2008) e voltou para o Senado, onde lançou sua candidatura à presidência.