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Segurança para evitar abstenção é a maior preocupação em Honduras

Agência France-Presse
postado em 28/11/2009 19:26
Efetivos do exército terminavam de distribuir neste sábado (28/11) o material eleitoral em algumas seções da capital e realizavam inspeções para garantir que tudo fique pronto para as eleições deste domingo.

"A segurança está garantida 100%", afirmou o coronel Jorge Hernández à AFP, enquanto inspecionava o centro de votação da escola Modesto Rodas Alvarado, na periferia sul de Tegucigalpa.

A preocupação quanto à segurança dos eleitores é grande numa votação marcada pela incerteza e os questionamentos.

O mede e, portanto, a abstenção, serão os principais inimigos dessas eleições, em um país onde as últimas votações registram apenas metade do eleitorado.

Cerca de 30.000 militares e policiais foram mobilizados pelo regime de fato para distribuir o material eleitoral e garantir a segurança nos locais da eleição, que será observada por 300 representantes de cerca de trinta países, mas, em sua maioria dos Estados Unidos.

O presidente de fato de Honduras, Roberto Micheletti, que se afastou temporariamente do poder, acusou neste sábado os seguidores do presidente deposto Manuel Zelaya de espalhar bombas para boicotar as eleições.

"São pressões psicológicas que pretendem exercer esses senhores para poder provocar esse tipo de preocupação entre os cidadãos", declarou Micheletti à rádio local HRN.

Micheletti se referia aos membros da Frente de Resistência contra o Golpe de Estado de 28 de junho, que depôs Zelaya, um conglomerado de sindicatos e associações que se mobiliza há cinco meses para exigir sua restituição.

[SAIBAMAIS]A Frente da Resistência convocou na sexta-feira um "toque de recolher popular" no domingo para que os hondurenhos não votem nas eleições e evitem sofrer a repressão por parte das forças sob comando do governo de fato, anunciou um dos dirigentes do grupo.

"Fazemos um chamado para o toque de recolher das seis da manhã às seis da tarde de domingo para que ninguém saia para votar e para que não seja reprimido", afirmou à AFP o coordenador da Frente, Juan Barahona.

Depois do golpe de Estado, Micheletti, impôs toques de recolher de até sete horas diárias por mais de dois meses para frear as manifestações de rua da Frente exigindo a restituição do presidente deposto.

"Se houver atentados durante a votação, serão por parte dos militares e da polícia porque as pessoas da Resistência estarão em suas casas".

Mais de 30 artefatos explodiram desde o golpe de Estado em diferentes prédios públicos e privados, incluindo meios de comunicação, em atos atribuídos pelas autoridades aos seguidores de Zelaya.

A direção da Frente contra o Golpe rejeitou reiteradamente sua participação nesses atentados e acusou os militares e policiais de reeditar a guerra psicológica dos anos 80 em plena ;guerra fria; para justificar a repressão.

A polícia hondurenha apreendeu no sul da capital dinamite, um manual para fabricar explosivos, camisetas da FSLN nicaragüense e uma bandeira venezuelana em um aparente complô contra as eleições, segundo um porta-voz da polícia.

A fonte também confirmou que nove nicaragüenses foram detidos em San Manuel, departamento de Cortés, norte de Tegucigalpa, para serem investigados.

As autoridades do governo de fato, que assumiu poder em 28 de junho depois de derrubar o presidente (2006-2010) Manuel Zelaya, alertaram que pessoas enviadas pelos presidentes Hugo Chávez, da Venezuela, e Daniel Ortega, da Nicarágua, poderiam se infiltrar em Honduras com a intenção de provocar problemas no processo eleitoral.

Um anúncio anônimo encontrado na capital dá o tom da acusação: "Se você não votar, estará votando em Chávez".

Muito hondurenhos acusam o presidente venezuelano pelo fato de Zelaya assumir posições esquerdistas.

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