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Mesmo com a recusa internacional em reconhecer eleições, hondurenhos foram às urnas

postado em 30/11/2009 10:16
Quando a última urna foi lacrada em Honduras, às 16h (20h, em Brasília), o que estava em jogo não era tanto o nome do candidato vencedor, mas o reconhecimento, pela comunidade internacional, das eleições ocorridas cinco meses depois do golpe que tirou Manuel Zelaya do poder. Marcado por um inesperado clima de tranquilidade, o pleito teve apoio dos Estados Unidos, que, embora contrários à destituição do líder populista, veem nas eleições a solução para a crise institucional do país. A União Europeia e a América Latina, porém, consideram a votação ilegítima. Somente Peru, Costa Rica e Panamá declararam que reconhecem o pleito. O coro dos contrários é liderado pelo Brasil, que, desde setembro, abriga Zelaya na embaixada do país em Tegucigalpa. Ontem, o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, José Miguel Insulza, disse que no próximo dia 4 o Conselho Permanente da OEA vai analisar, em Wahsington, as eleições hondurenhas. Segundo ele, na reunião, também será discutido o que o Congresso do país decidir a respeito do pedido de restituição de Zelaya. Sobre o fato de Costa Rica, Panamá e Peru terem afirmado que vão reconhecer o resultado das eleições, Insulza respondeu: %u201CEntendo que ninguém está sugerindo reconhecer o governo de fato. O que os governos estão falando é de 27 de janeiro (data da posse do novo presidente)%u201D. Os dois candidatos mais cotados para ocupar a presidência hondurenha, Porífiro Lobo (Partido Nacional) e Elivn Santos (Partido Liberal), exortaram a comunidade internacional a aceitarem as eleições e convocaram os cidadãos às urnas %u2014 no país, o voto é facultativo. %u201CHoje, mais do que nunca, é importante que o povo compareça, trata-se do destino de Honduras%u201D, afirmou Porfírio Lobo, favorito nas pesquisas e adversário político de Zelaya. Depois de colocar sua cédula na urna na cidade de El Progreso, o presidente de fato, Roberto Micheletti, apelou para o reconhecimento do pleito. Vestido de branco, cor dos defensores da destituição de Zelaya, ele votou na Escola República de Honduras e falou de democracia. %u201CEsperamos que os governos do mundo entendam que somos homens e mulheres que queremos viver em democracia, e que não há dinheiro ou petróleo no mundo que possa dobrar o espírito e a responsabilidade que este povo tem com a democracia%u201D, disse Micheletti, que se afastou temporariamente da presidência para não atrapalhar o processo eleitoral. Apesar dos apelos feitos pelos políticos, a contagem final dos votos pode revelar uma pequena presença às urnas. Embora não tenham havido incidentes durante o pleito, a população temia ataques nas 35 zonas eleitorais. Sem mostrar provas, os partidários de Zelaya chegaram a afirmar, numa coletiva à imprensa realizada no fim da manhã, que haveria suspeitas de fraudes no interior do país, onde, segundo eles, o comparecimento às urnas estava baixíssimo. Único observador internacional brasileiro, o deputado Raul Jungmann (PPS-PE) afirmou ao Correio que as eleições transcorreram dentro da normalidade. O parlamentar está na capital Tegucigalpa juntamente com outros 300 observadores. O deputado do PPS avaliava ser possível que menos da metade dos eleitores compareçam às urnas. Na eleição do presidente deposto, Manuel Zelaya, apenas 45% dos cidadãos votaram %u2014 ele foi eleito com 25% dos votos. %u201CA abstenção é historicamente alta%u201D, afirmou Jungmann. O único incidente registrado ontem foi a repressão de um manifesto em San Pedro Sula. Várias pessoas ficaram feridas, incluindo um cinegrafista da agência Reuters, que precisou levar pontos na cabeça. Os cerca de 2 mil participantes do protesto, que pedia o retorno de Zelaya, atiçaram pedras e quebraram vidraças, e as forças de segurança reagiram com gás lacrimogêneo. A Frente de Resistência contra o Golpe de Estado e o Comitê de Familiares de Detidos Desaparecidos em Honduras chegaram a anunciar que 30 pessoas foram detidas e um rapaz teria sido morto em Olancho. Nenhuma das informações, porém, foram confirmadas. Cerca de 30 mil homens foram mobilizados para garantir a segurança das eleições que, além do presidente, vão eleger 128 assentos no legislativo e 298 de representantes locais. Esperamos que o mundo entenda que queremos viver em democracia%u201D Roberto Micheletti, presidente de fato de Honduras

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