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Cúpula ibero-americana realiza intenso debate sobre Honduras

Por Isabel Sánchez

ESTORIL - Os 22 países ibero-americanos mantinham, nesta segunda (30), intensas discussões sobre a nova situação política em Honduras depois das eleições de domingo, ganhas pelo candidato da direita Porfirio Lobo, e sobre eventuais saídas para a crise.

Algumas delegações, inclusive, começaram a flexibilizar posições, durante a XIX cúpula Ibero-Americana em Estoril, 25 km a oeste de Lisboa.

A Espanha surpreendeu ao declarar que "não reconhece as eleições, mas tampouco as ignora" - uma fórmula semântica usada pelo chanceler Miguel Angel Moratinos, para tentar desbloquear a situação.

O presidente do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, declarou que "é necesario chegar a um grande acordo nacional (em Honduras) com o consenso latino-americano, centro-americano e europeu", pois a situação "tem agora outros protagonistas".

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou na XIX Reunião de Cúpula Ibero-Americana que o Brasil não reconhece as eleições em Honduras "como uma tentativa de lavagem de um golpe de Estado", segundo palavras de seu assessor Marco Aurelio Garcia - uma fórmula que deixaria uma porta aberta. Acrescentou que "por enquanto é preciso esperar" e "discutir com a comunidade internacional".

Líderes da América Latina, Espanha e Portugal tentam conciliar em Estoril uma declaração sobre a crise hondurenha, divididos entre a maioria - liderada por Brasil e Venezuela - que não reconhece a votação de domingo e algumas nações - como Costa Rica e Panamá - que a consideram uma saída para a crise.

O presidente de El Salvador, Mauricio Funes, fez votos para que "a nova situação criada no país conduza a um processo de diálogo nacional que conclua com o restabelecimento da democracia e da ordem constitucional".

"Esse é o desafio que tem pela frente o candidato que resultar eleito para que a comunidade internacional possa normalizar as relações com Honduras", disse Funes.

Já a presidente argentina, Cristina Kirchner, reiterou que "não podemos deixar que esta situação, em Honduras, represente um precedente na região".

O chanceler de Cuba, Bruno Rodríguez, pediu o desconhecimento do "governo espúrio" que resultar das eleições e acusou os Estados Unidos de apoiarem a instalação de uma "ditadura".

Chile, Venezuela, Equador, Bolívia, Uruguai, Paraguai, Nicarágua e Guatemala também rejeitaram as eleições hondurenhas.

Já Costa Rica, Colômbia e Panamá reconheceram o novo governo hondurenho; a presidência do Peru disse que sim, sintonizada com Washington, que considerou as eleições "um paso importante à frente".

Os Estados Unidos afirmaram que "ainda resta uma tarefa importante para restaurar a ordem constitucional em Honduras, mas que o povo hondurenho deu um necessário e importante passo à frente", segundo o porta-voz do Departamento de Estado.

Portugal, encarregado de negociar uma declaração sobre Honduras na cúpula que preside, mostrou-se cético a respeito.

"Se fosse possível uma declaração que contribuísse para dar desenvolvimento a este processo no plano político, muito bem. Se não for possível, não vale a pena", disse o chanceler português Luis Amado.

A cúpula concluirá nesta terça-feira com a aprovação da Declaração de Estoril, que lançará o projeto "Ibero-América Inova", promovido por Brasil, Espanha e Portugal, para impulsionar projetos no setor empresarial.