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Obama e Otan anunciam reforços, talibãs prometem devolvê-los em ataúdes

Agência France-Presse
postado em 02/12/2009 17:34
O governo afegão declarou-se satisfeito nesta quarta-feira com o próximo envio de mais 30.000 soldados americanos ao país, aos quais se somarão 5.000 homens da Otan, para combater a insurgência talibã - para a qual os reforços não farão senão aumentar o número de mortos entre os aliados. [SAIBAMAIS]"O presidente Barack Obama reiterou muito claramente o compromisso dos Estados Unidos no Afeganistão e seu discurso correspondeu ao esperado pelo governo e o povo afegãos", disse o ministro das Relações Exteriores do governo de Cabul, Rangeen Dadfar Spanta. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, felicitou a decisão anunciada pelo presidente americano, dizendo acreditar "que a construção de instituições é um processo de longo prazo que vai assegurar a sustentabilidade dos esforços conjuntos da comunidade internacional no Afeganistão". Ban "recebe com apreço a proposta de equilibrar esforços militares e civis, assim como a ênfase dada no fortalecimento da capacidade das instituições afegãs e das forças de segurança afegãs em particular", segundo nota da ONU. Obama havia anunciado terça-feira o envio de 30.000 militares suplementares em nome do "interesse nacional vital" dos Estados Unidos. Esses soldados começarão a chegar ao Afeganistão "num prazo de duas a três semanas" para "serem mobilizados nas zonas sul e leste do país", declarou nesta quarta-feira o secretário americano da Defesa, Robert Gates. Já a secretária de Estado americana Hillary Clinton anunciou que pedirá contribuições suplementares aos aliados no Afeganistão durante a reunião da Otan, sexta-feira em Bruxelas. "Nossos aliados da Otan já contribuíram de forma importante no Afeganistão e amanhã (quinta-feira) irei a Bruxelas para conseguir da aliança mais soldados e recursos", declarou Hillary ante a Comissão da Defesa do Senado dos Estados Unidos. A secretária de Estado é aguardada à reunião dos chanceleres da Otan sexta-feira pela manhã. "Não vamos enfrentar estes desafios sozinhos", insistiu. Também nesta quarta-feira, a OTAN anunciou que a Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf) no Afeganistão, sob seu comando, tem assegurado um reforço de "pelo menos" 5.000 homens, declarou em Bruxelas o secretário-geral da organização, Anders Fogh Rasmussen. Segundo o jornal El País, só a Espanha contribuirá com 200 efetivos. O chanceler afegão, Rangeen Dadfar Spanta, ressaltou que Obama havia insistido na importância da ameaça terrorista em nível regional, "dizendo claramente que não devemos permitir a regiões situadas do outro lado da linha Durand que se convertam em bases permanentes para a Al-Qaeda" - em referência à fronteira entre Afeganistão e Paquistão. Para os talibãs, no entanto, o envio de mais soldados americanos só reforçará a resistência, segundo um porta-voz do grupo islamita. "Obama verá desfilar muitos caixões de soldados americanos mortos no Afeganistão", declarou à AFP Qari Yusuf Ahmadi, por telefone. "Sua esperança de controlar militarmente o Afeganistão não se tornará realidade. Os 30.000 soldados extras reforçarão a resistência e a luta. Eles se verão obrigados a uma retirada vergonhosa. Não há como cumprir suas esperanças e objetivos", concluiu. O general Stanley McChrystal, comandante das forças americanas e da OTAN no Afeganistão, lembrou que "o presidente me deu missão clara e os recursos para cumpri-la". O general receberá, no entanto, 10.000 soldados menos dos que havia pedido. "A clareza, o compromisso e a resolução do discurso do presidente representam um avanço para levar a segurança ao Afeganistão e eliminar os santuários dos terroristas que ameaçam a segurança da região", acrescentou. Um dia depois do anúncio de Obama, a força da Otan no Afeganistão informou sobre a morte do 300º soldado americano este ano no país. "Um soldado americano da Isaf morreu na terça-feira quando a patrulha em que estava foi atacada pelos insurgentes a leste do Afeganistão", indicou a Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf) da Otan, em um comunicado. Esta baixa eleva a 486 (sendo 300 americanos) o número de soldados estrangeiros mortos no país desde o começo de 2009, segundo contagem da AFP, a partir do site especializado www.icasualties.org. Segundo a organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW), "não há um número mágico de soldados americanos que possa levar a segurança ao Afeganistão".

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