Agência France-Presse
postado em 02/12/2009 19:04
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse nesta quarta-feira que não vacilará em "intervir em todos os bancos privados" do país caso o sistema não cumpra a sua função, e advertiu que após o fechamento de quatro instituições esta semana, está atento a "outro conjunto" de bancos.
"Se for obrigado a intervir em todos os bancos privados da Venezuela, vou fazê-lo. Não duvidem", disse Chávez em um ato público transmitido pela TV.
[SAIBAMAIS]"A oligarquia, com este ataque que circula na Internet em busca de uma corrida bancária, acredita que vai derrubar Chávez, mas aqui o que vai cair é o sistema privado dos bancos. Não se enganem, o tiro vai sair pela culatra".
"Estou com o radar ligado em outro conjunto de bancos", ameaçou Chávez.
O governo venezuelano decidiu fechar, na segunda-feira passada, quatro pequenos bancos privados que estavam sob supervisão há dez dias, decretando a liquidação de dois por insolvência: Banco Canarias e BanPro.
"Diante da primeira sombra de fraude, saque dos tesouros do país e do povo, este governo vai agir", advertiu Chávez.
Os bancos privados da Venezuela estão "degenerados" e em vez de cumprir "sua missão", se especializaram na "especulação financeira (...) mas hoje há um governo com mão firme, um grupo de banqueiros presos e outros que estamos procurando".
"Tenham a certeza de que eu, Hugo Chávez Frías, não defenderei qualquer burguês, qualquer banqueiro privado. Defenderei o povo e a revolução. Quem tiver que ser preso, irá preso (...) Estou de olho neles".
Para justificar a intervenção nas entidades financeiras, Chávez assinalou que até o presidente americano, Barack Obama, "nacionalizou bancos", referindo-se à ajuda concedida pelo governo dos Estados Unidos à certas instituições durante a crise econômica.
Diante da possibilidade de uma corrida bancária, diversos funcionários do governo Chávez reafirmaram a fortaleza do sistema financeiro nacional e garantiram que os correntistas das quatro instituições envolvidas não perderão seu dinheiro.
Mais de 70% do sistema bancário venezuelano está em mãos privadas. Depois da nacionalização em 2009 do Banco da Venezuela, que é o terceiro do país e estava nas mãos do grupo espanhol Santander, o Estado controla mais de 25% do setor e é o ator mais poderoso do sistema financeiro.