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Tratado START sobre desarmamento nuclear expira sem substituição

Agência France-Presse
postado em 03/12/2009 12:01
MOSCOU - O tratado de desarmamento nuclear START expira no próximo sábado sem que a Rússia e os Estados Unidos tenham encontrado um novo acordo para substitui-lo, apesar da questão poder consolidar a melhoria de suas relações após a era Bush. Os presidentes russo e americano, Dmitri Medvedev e Barack Obama, encarregaram, no entanto, as respectivas delegações que façam todo o possível para encontrar até 5 de dezembro um novo acordo sobre o Tratado de Redução de Armas Estratégicas (START 1), assinado em 1991. O porta-voz da diplomacia americana, Ian Kelly, deu a entender esta semana que será difícil conseguir um compromisso antes da data limite, mesmo que os negociadores estejam trabalhando duro há mais de seis em Genebra. "Os Estados Unidos esperam um projeto de acordo até o final de dezembro", explicou Kelly. Enquanto esperam, buscam uma solução com a Rússia para continuar assegurando o essencial dos controles e verificações entre a expiração do START 1 e a entrada em vigor de um novo tratado. "As datas limites são importantes, mas o mais importante é ter um bom tratado que as duas partes possam assinar", destacou o porta-voz. As duas partes mostram seu otimismo desde a cúpula Medvedev-Obama de julho, em Moscou, na qual dois objetivos foram fixados: diminuir o número de ogivas nucleares para um número entre 1.500 e 1.675 (contra 2.200 no máximo, segundo os termos do START) e entre 500 e 1.100 o número de vetores nucleares (mísseis intercontinentais, submarinos e bombardeiros estratégicos). A assinatura de um novo acordo de desarmamento deve simbolizar a retomada das relações entre Moscou e Washington, que sofreu uma considerável deterioração nos últimos meses da presidência de George W. Bush. "Mas as negociações se revelaram mais difíceis que o previsto, já que os problemas são numerosos e as posições dos dois lados muito diferentes", destaca o analista russo Alexander Konovalov, presidente do Instituto de Avaliações Estratégicas. Por exemplo, os Estados Unidos propõem a manutenção e até aumento do controle dos mísseis balísticos intercontinentais russos, como o "Topol", uma medida que Moscou não aceita já que Washington não tem mísseis balísticos intercontinentais móveis terra-terra, lembrou recentemente o jornal russo Komersant. Para o analista russo Pavel Felgenhauer, especializado em questões de defesa, "Moscou acredita que Obama tenta assinar um acordo antes de receber o Prêmio Nobel da Paz em 10 de dezembro e espera concessões". "Mas a administração Obama não pode fazer muitas concessões à Rússia, pois isto teria consequências políticas para o presidente americano", acrescenta. "Globalmente, a Rússia é quem tem mais queixas, pelos maiores temores", explica Konovalov. "Está atrasada em relação aos Estados Unidos em termos de tecnologia e quantidade. O potencial estratégico americano é mais variado e complicado", destaca o analista independente. Para Felgenhauer, "um acordo está longe de ser tão importante como teria sido durante a guerra fria, quando havia uma corrida armamentista". "Hoje, os problemas do Irã e Afeganistão são muito mais urgentes que as armas nucleares", diz, ao recordar as preocupações americanas. "Ao mesmo tempo, há resistências importantes a um novo acordo tanto do lado russo, como americano", nas palavras de Konovalov. Assim, as negociações ainda podem durar meses, conclui Felgenhauer.

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