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Bhopal recorda os 25 anos da catástrofe que matou 25 mil pessoas

Agência France-Presse
postado em 03/12/2009 13:41
BHOPAL - Ativistas indianos recordaram nesta quinta-feira o 25º aniversário do escapamento de gás que matou 25 mil pessoas na cidade de Bhopal com manifestações e com a exigência de que os responsáveis sejam julgados. Manifestantes e sobreviventes concluíram uma semana de eventos com uma passeata até a fábrica de pesticidas Union Carbide em Bhopal, onde, em 3 de dezembro de 1984, uma nuvem de isocianato matou 10 mil pessoas em três dias. Segundo estudos publicados no início desta semana, as favelas em torno da fábrica continuam sofrendo com os efeitos dos produtos químicos letais que contaminaram os lençóis freáticos e o solo, causando malformações de nascimento e inúmeras doenças crônicas. "Com estes protestos, os sobreviventes da tragédia descarregam sua ira contra o governo estatal por sua falta de ação na eliminação dos resíduos tóxico", explicou Satinath Sarangi, da ONG Bhopal Group of Information and Action. Uma pesquisa do Conselho Indiano de Pesquisas Médicas (ICMR) mostrou que 25 mil pessoas morreram em consequência do escapamento tóxico desde 1984. Posteriormente, as estatísticas governamentais mostraram que 100 mil pessoas sofreram enfermidades crônicas, das quais mais de 30 mil viviam em áreas com águas contaminadas em torno da fábrica. Centenas de pessoas em luto fizeram uma vigília noturna com velas e tochas acesas para marcar momento, pouco depois da meia-noite, quando o gás tóxico escapou de um dos tanques da fábrica. O governo do Estado indiano de Madhya Pradesh, do qual Bhopal é a capital, se encarregou das instalações em 1998, mas apenas limpou parcialmente as centenas de toneladas de materiais tóxicos espalhados em suas instalações. Milhares de toneladas ainda são encontradas a poucos metros da fábrica, em tanques artificiais de evaporação solar nos quais a Union Carbide verteu seus resíduos durante anos antes do acidente. O governo estatal afirma que este material não é prejudicial e para provar, pensou em abrir no mês passado as instalações para visitantes, decisão da qual voltou atrás. Em um comunicado publicado por ocasião do 25º aniversário da catástrofe, a empresa Dow Chemical - que comprou a Union Carbide em 1999 - afirmou que um acordo financeiro de US$ 470 milhões assinado em 1989 com o governo indiano "resolveu todas as demandas existentes e futuras" contra a companhia. A maior parte do dinheiro foi utilizada para pagar indenizações de US$ 1.000 a US$ 2.000 às vítimas que ficaram incapacitadas para trabalhar ou com doenças de longa duração, mas muitas delas não receberam absolutamente nada. Julgamentos penais contra ex-executivos da Union Carbide continuam pendentes em vários tribunais da Índia e dos Estados Unidos. Por sua parte, a ONG Anistia Internacional pediu à Dow Chemicals que "coopere plenamente nos processos legais em curso para garantir que sejam pedidas contas dos responsáveis".

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