Agência France-Presse
postado em 03/12/2009 17:34
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou nesta quarta-feira que seu governo decidiu "incorporar ao sistema financeiro público" os bancos Bolívar e Confederado, atualmente fechados e que vêm sendo inspecionados pelo Executivo por diversas irregularidades.
[SAIBAMAIS]O governo venezuelano havia decidido fechar, na segunda-feira passada, quatro pequenos bancos privados que estavam sob supervisão há dez dias, decretando a liquidação de dois por insolvência: Banco Canarias e BanPro.
"Diante da primeira sombra de fraude, saque dos tesouros do país e do povo, este governo vai agir", advertiu Chávez.
O presidente da Venezuela havia dito na quarta-feira que não vacilará em "intervir em todos os bancos privados" do país caso o sistema não cumpra a sua função, e advertiu que após o fechamento de quatro instituições esta semana, está atento a "outro conjunto" de bancos.
"Se for obrigado a intervir em todos os bancos privados da Venezuela, vou fazê-lo. Não duvidem", disse Chávez em um ato público transmitido pela TV.
"A oligarquia, com este ataque que circula na Internet em busca de uma corrida bancária, acredita que vai derrubar Chávez, mas aqui o que vai cair é o sistema privado dos bancos. Não se enganem, o tiro vai sair pela culatra".
"Estou com o radar ligado em outro conjunto de bancos", ameaçou Chávez.
Os bancos privados da Venezuela estão "degenerados" e em vez de cumprir "sua missão", se especializaram na "especulação financeira (...) mas hoje há um governo com mão firme, um grupo de banqueiros presos e outros que estamos procurando".
"Tenham a certeza de que eu, Hugo Chávez Frías, não defenderei qualquer burguês, qualquer banqueiro privado. Defenderei o povo e a revolução. Quem tiver que ser preso, irá preso (...) Estou de olho neles".
Para justificar a intervenção nas entidades financeiras, Chávez assinalou que até o presidente americano, Barack Obama, "nacionalizou bancos", referindo-se à ajuda concedida pelo governo dos Estados Unidos à certas instituições durante a crise econômica.
Diante da possibilidade de uma corrida bancária, diversos funcionários do governo Chávez reafirmaram a fortaleza do sistema financeiro nacional e garantiram que os correntistas das quatro instituições envolvidas não perderão seu dinheiro.
Mais de 70% do sistema bancário venezuelano estão em mãos privadas. Depois da nacionalização em 2009 do Banco da Venezuela, que é o terceiro do país e estava nas mãos do grupo espanhol Santander, o Estado controla mais de 25% do setor e é o ator mais poderoso do sistema financeiro.