Agência France-Presse
postado em 04/12/2009 09:11
BUENOS AIRES - Uma aliança inédita de toda a oposição derrotou na noite de quinta-feira a presidente argentina Cristina Kirchner na Câmara dos Deputados, com a votação da nova mesa diretora da Casa, que mudará de composição com a posse dos novos parlamentares em 10 de dezembro.
Na metade do mandato de quatro anos de Kirchner, as bancadas de direita neoliberal, peronismo dissidente, social-democrata radical e centroesquerda se uniram pela primeira vez nos últimos seis anos e deixaram o governo em minoria em todas as comissões da Câmara.
"Acredito que a Argentina está mudando, esta Câmara não é mais a mesma. A maioria é outra. É a primeira vez que este governo tem que ceder pela força dos números a um acordo. O governo vai ter que dialogar para aprovar as leis", disse a deputada Elisa Carrió, líder da liberal cristã Coalizão Cívica (CC). Carrió foi a candidata derrotada por Cristina Kirchner na eleição de 2007.
A votação adversa ao governo reflete a nova situação surgida da derota do governo nos principais distritos nas legislativos de 28 de junho. Kirchner perdeu a maioria na Câmara e no Senado, apesar do partido dela ter permanecido como a primeira força.
O governamental peronismo social-democrata conseguiu manter a presidência da Câmara com Eduardo Fellner, mas na primeira vice-presidência a oposição impôs Ricardo Alfonsín, da União Cívica Radical (UCR, social-democrata), segundo partido do Congresso.
O novo primeiro vice-presidente é filho de Raúl Alfonsín, o presidente da transição democrática (1983-1989), último líder histórico do partido e que recebeu muitas homenagens ao falecer este ano.