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EUA não descartam negociações com talibã, enquanto Karzai pede apoio para fazê-lo

Agência France-Presse
postado em 06/12/2009 17:00

WASHINGTON - A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, e o secretário da Defesa, Robert Gates, se negaram neste domingo a descartar o estabelecimento de um diálogo com líderes talibãs, enquanto o presidente reeleito do Afeganistão, Hamid Karzai, pediu o apoio do Ocidente para dialogar com o mulá Omar, líder do movimento islâmico.

"Eles devem reunciar à Al Qaeda, renunciar à violência", disse Hillary, em entrevista ao programa "This week", da rede NBC News.

"Eles devem estar dispostos a acatar a constituição afegã e a viver pacificamente", acrescentou.

Hillary disse ser "muito cética" em relação a uma mudança de postura dos líderes talibãs, no sentido de seguir o caminho das negociações ou de aceitar as condições mencionadas.

Já Gates argumentou que a decisão do presidente americano, Barack Obama, de enviar um reforço de 30.000 soldados ao Afeganistão tem, entre outros propósitos, o de obrigar os talibãs a sentar para negociar.

"Acredito que a possibilidade de que os líderes talibãs (...) aceitem as condições que a secretária Clinton acaba de citar depende, em primeiro lugar, de que detenhamos seu avanço agora mesmo e (...) façamos com que eles se deem conta de que provavelmente serão derrotados", declarou Gates, que também participou do programa.

Na última terça-feira, Obama anunciou o envio de mais 30.000 homens ao Afeganistão para "tomar a iniciativa" e pôr fim à guerra, que já dura oito anos.

Em entrevista à rede de televisão CNN, Hamid Karzai pediu que as potências ocidentais apóiem seu governo em uma estratégia de negociação com os talibãs afegãos.

"Enquanto lutamos contra o terrorismo, também devemos negociar e encontrar soluções pacíficas", declarou, argumentando que a comunidade internacional deve "compreender" a figura do líder máximo dos talibãs.

O mulá Omar voltou a rejeitar a mão estendida pelo presidente afegão e qualquer proposta de negociação com as autoridades do país, de acordo com uma mensagem divulgada no dia 25 de novembro por ocasião da festa muçulmana do Aid al-Adha.

"Os invasores não querem negociações destinadas a garantir a independência do Afeganistão e o fim de sua invasão, e sim unicamente prolongar sua ocupação diabólica", afirmou o mulá Omar.

Neste domingo, Karzai disse que espera negociar com o líder talibã, mas fez eco ao discurso de Hillary Clinton.

"Gostaria de negociar com ele, sob a condição de que ele renuncie à violência, rompa, denuncie e elimine todos os vínculos com a Al Qaeda e com as redes terroristas, e sobretudo se os Estados Unidos e os demais aliados nos apoiarem e perceberem a necessidade" desta negociação, destacou Karzai.

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