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Detidas seis pessoas no Chile por assassinato de ex-presidente

Agência France-Presse
postado em 07/12/2009 17:10

SANTIAGO - As autoridades chilenas detiveram seis homens, entre eles quatro médicos, acusados do suposto assassinato do ex-presidente Eduardo Frei Montalva, quem faleceu depois de uma cirurgia em 1982, informou o Poder Judiciário.

O juiz especial Alejandro Madrid ordenou a detenção de dois médicos membros da equipe que operou o ex-mandatário de uma hérnia e de outros dois que realizaram uma primeira autópsia.

Também foram detidos dois civis acusados de espionar o ex-presidente, um dos principais opositores à ditadura de Augusto Pinochet.

A resolução precisa que o médico Patricio Silva, ex-membro do Comando de Saúde do Exército e chefe da equipe que o operou, será julgado por autoria do assassinato, assim como os civis Raúl Lillo e Luis Becerra, ex-motorista e homem de confiança de Frei.

Também estão sendo acusados de cumplicidade o médico Pedro Valdivia, ex-integrante da Polícia de Carabineiros e que também fez parte da equipe médica que o operou. Os médicos Helmar Rosenberg e Sergio González -que praticaram a primeira autópsia-, serão julgados por encobrirem os fatos.

"O falecimento do ex-presidente foi causado pela introdução paulatina de substâncias tóxicas não convencionais em seu organismo, pelo uso de produtos farmacológicos não autorizados e pela ocorrência de situações anômalas que foram dissimuladas e que deterioraram seu sistema imunológico", citou o magistrado.

Quando Frei Montalva se projetava como um dos principais opositores de Pinochet, foi submetido a uma operação de hérnia na Clínica Santa Maria de Santiago.

Houve complicações na cirurgia e ele morreu semanas depois de septicemia. Investigações posteriores encontraram em seu corpo restos de gás mostarda e outros agentes químicos que teriam provocado a morte.

Eduardo Frei Montalva governou o Chile entre 1964 e 1970 e é pai do candidato governista chileno às eleições do próximo domingo, Eduardo Frei Ruiz-Tagle, que também foi presidente, entre 1994 e 2000.

A investigação judicial sobre essa morte começou há 10 anos, quando a família suspeitou das causas do falecimento, depois da morte, no Uruguai, do químico da ditadura chilena, Eugenio Berríos, quem desenvolveu armas para o regime e confessou à família seus temores de ser assassinado por conhecer segredos da ditadura.

Berríos, membro da Direção de Inteligência Nacional (a polícia secreta da ditadura), fugiu em 1991 para o Uruguai onde, quatro anos depois, apareceu seu corpo com dois impactos de bala, numa praia próxima de Montevidéu.

O juiz Madrid também tem em mãos o processo pelo assassinato de Berríos, no qual aparecem envolvidos ex-militares chilenos e três uruguaios: o coronel reformado Tomás Casella, o coronel Wellington Sarli e o capitão Eduardo Radaelli

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