Agência France-Presse
postado em 08/12/2009 13:42
BAGDÁ - Bagdá viveu uma terça-feira sangrenta com cinco atentados coms carros-bomba que deixaram pelo menos 127 mortos e 448 feridos, antes do anúncio da data das segundas eleições legislativas no país após a queda de Saddam Hussein, que acontecerão em 6 de março de 2010.
Com formas de atuar características da Al-Qaeda, cinco terroristas explodiram carros quase simultaneamente por volta das 10h25 locais (5h25 de Brasília) em vários bairros de Bagdá, espalhando o pânico pela capital.
Carros de polícia tocam as sirenes nas ruas, que ficaram vazias, pedindo aos colegas que façam vigilância extrema. Todas as ruas de acesso aos prédios públicos foram fechadas. "Pelo menos 127 pessoas morreram e 448 ficaram feridas nos atentados com carro bomba", indicou uma fonte no ministério do Interior.
No bairro de Dora, na entrada sul de Bagdá, um terrorista explodiu seu carro contra uma patrulha da polícia diante do Instituto de Tecnologia, matando 15 pessoas, três policiais e 12 estudantes, enquanto 23 estudantes foram feridos.
Ao menos 97 outras pessoas morreram em quatro atentados em frente ao palácio de Justiça no bairro de Mansour (oeste), no ministério do Trabalho, na rua Palestina, na antena do ministério do Interior em Al-Nahda e mo mercado Rassafi em Chorja (centro). "Vários dos 39 corpos que recebemos estavam mutilados e alguns eram de mulheres", afirmou um médico.
Os atentados aconteceram após a aprovação no domingo pelo Parlamento de uma lei eleitoral, ardentemente discutida entre as comunidades nos últimos meses, e que abre caminho para a realização das segundas legislativas desde a queda do regime de Saddam Hussein em 2003, após a invasão americana. A Missão de Assistência da ONU no Iraque esperava que a eleição fosse anunciada para o dia 27 de fevereiro.
O modo de operação dos atentados desta terça-feira se assemelha ao dos atentados de 19 de agosto e de 25 de outubro contra os símbolos do poder em Bagdá, que deixaram no total mais de 250 mortos e foram atribuídos à rede extremista Al-Qaeda e grupos ligados ao antigo regime de Saddam Hussein. Apesar da violência no Iraque estar claramente diminuindo, os insurgentes conseguem ainda organizar ataques particularmente sangrentos no país.
O mês de novembro foi o mês menos sangrento desde 2003. Mas o Exército americano e o primeiro-ministro iraquiano Nuri al-Maliki havia previsto um aumento dos ataques antes da votação. O comandante das tropas americanas no Iraque, Ray Odierno, disse que pode pedir a Washington que atrase a retirada das tropas se a situação exigir.