Agência France-Presse
postado em 08/12/2009 15:19
O cientista nuclear iraniano Shahram Amiri, desaparecido em maio, durante uma peregrinação à Arábia Saudita, foi "sequestrado" pelos americanos, afirmou nesta terça-feira o ministro iraniano das Relações Exteriores, Manuchehr Mottaki, denunciando o papel desempenhado por Riad.
[SAIBAMAIS]"Podemos provar que os americanos tiveram um papel preponderante no sequestro de Amiri", declarou o chanceler iraniano em entrevista coletiva transmitida e traduzida pelo canal Press-TV.
"Estamos aguardando sua libertação", acrescentou.
Amiri "desapareceu na Arábia Saudita, onde estava fazendo uma peregrinação" e "este país deve ser responsabilizado" pelo destino do cientista, prosseguiu Mottaki, avisando que o Irã poderá recorrer à justiça.
Mais cedo, o porta-voz da chancelaria iraniana, Ramin Mehmanparast, anunciou que "Riad entregou Amiri a Washington".
Amiri "é um dos 11 iranianos atualmente detidos nas prisões americanas", acrescentou Mehmanparast, ressaltando que "a diplomacia iraniana está acompanhando a situação deles".
O porta-voz também admitiu pela primeira vez que Shahram Amiri é um "cientista nuclear".
O desaparecimento de Amiri foi confirmado em outubro pelas autoridades iranianas, inclusive por Mottaki, que afirmou então que os Estados Unidos estavam envolvidos no caso.
O jornal conservador iraniano Javan acusou a CIA de estar por trás do sequestro, perpetrado quando o cientista estava na cidade santa de Medina, segundo sua esposa.
No dia 31 de maio, quando desembarcou na Arábia Saudita, Amiri foi "interrogado por agentes sauditas no aeroporto", segundo o jornal.
"Três dias depois, ele deixou seu hotel em Medina e nunca mais voltou", acrescentou o Javan, apresentando Amiri como um pesquisador de física na Universidade de Tecnologia Malek-Ashtar, em Teerã.
A publicação desmentiu as afirmações da imprensa árabe segundo as quais Amiri trabalhava com atividades nucleares e teria divulgado nos Estados Unidos a existência de um segundo centreo iraniano de enriquecimento de urânio perto de Qom. A revelação, em setembro, da existência deste centro, deflagrou uma nova crise entre o Irã e a comunidade internacional, que suspeita Teerã de querer se dotar da arma nuclear.
No mês passado, a Agência Internacional da Energia Atômica (AIEA) condenou o Irã por sua política nuclear, após o fracasso de discussões sobre a possibilidade de enriquecer o urânio iraniano no exterior.
Teerã respondeu na semana passada anunciando a construção de 20 novos centros de enriquecimento de urânio em todo o país.