Agência France-Presse
postado em 08/12/2009 17:52
Um ex-chefe dos serviços de inteligência britânicos desmentiu nesta terça-feira ter sido pressionado para modificar o polêmico relatório sobre o armamento iraquiano apresentado pelo então primeiro-ministro, Tony Blair, meses antes da invasão do Iraque, em 2003.
[SAIBAMAIS]John Scarlett não confirmou, porém, a afirmação de Blair de que o Iraque poderia posicionar armas de destruição em massa em menos de 45 minutos.
Scarlett, que presidia o comitê conjunto de inteligência responsável pela elaboração do texto, admitiu que teria sido melhor dizer claramente que esta menção dos 45 minutos não envolvia os mísseis balísticos.
"Esta questão não teria sido mal interpretada se tivéssemos dito claramente que estávamos falando das munições, e não das armas", afirmou Scarlett diante da comissão de investigação da atuação britânica no conflito iraquiano.
"Não houve qualquer intenção de manipular, ocultar, ou criar uma confusão", garantiu.
Segundo documentos divulgados no início deste ano, um alto funcionário do governo britânico escreveu a Scarlett no dia 11 de setembro de 2002, poucos dias antes da publicação do relatório, para lhe pedir que fosse o mais "firme" possível na elaboração do texto.
"Não acho que isso tenha tido qualquer impacto sobre mim", comentou nesta terça-feira o ex-chefe de inteligência, que dirigiu o MI6 de 2004 a 2009.
Segundo ele, Londres recebeu pouco antes da publicação do relatório "informações confiáveis" confirmando suas conclusões sobre os supostos projetos de Saddam Hussein.
De acordo com Scarlett, o Iraque começou a desmantelar seu arsenal químico e biológico depois dos atentados de 11 de setembro de 2001.