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Chefe das tropas dos EUA diz que fim da Al-Qaeda depende de captura ou morte de Bin Laden

postado em 10/12/2009 08:00
"Eu não creio que possamos finalmente derrotar a Al-Qaeda até que Osama bin Laden esteja capturado ou morto." As palavras foram ditas pelo general Stanley McChrystal, chefe das forças norte-americanas e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no Afeganistão, durante audiência na Comissão de Serviços Armados do Senado dos Estados Unidos. Para o alto oficial, é fato que Bin Laden tornou-se um "ícone". "Sua sobrevivência anima a Al-Qaeda como organização com franquias em todo o mundo", declarou. Apesar de assegurar o desejo de colocar as mãos no homem mais procurado do mundo, McChrystal lembrou que, caso Bin Laden se abrigue na fronteira afegã-paquistanesa, "está fora de sua jurisdição". Osama bin Laden (D) e seu vice, xeque Ayman al-Zawahri: os terroristas provavelmente estão no PaquistãoO general e o embaixador dos EUA em Cabul, Karl Eikenberry, tentaram convencer os congressistas sobre a viabilidade na nova estratégia da Casa Branca, que inclui o envio de mais 30 mil soldados ao Afeganistão. "Para perseguir nossa meta central de vencer a Al-Qaeda e prevenir seu retorno ao Afeganistão, nós devemos transtornar e degradar a capacidade do Talibã, negar seu acesso à população afegã e fortalecer as tropas locais", acrescentou. Segundo McChrystal, os próximos 18 meses serão cruciais para determinar a derrota da milícia fundamentalista. "Para o verão de 2011, será claro para todos os afegãos que a insurgência não ganhará", concluiu. Por telefone, de Cingapura, o cingalês Rohan Kumar Gunaratna - autor de Inside Al-Qaeda: Global network of terror (Por dentro da Al-Qaeda: Rede global de terror) - afirmou ao Correio que a captura de Bin Laden é essencial para o sucesso da guerra contra o terror global, e não apenas contra a Al-Qaeda. "Bin Laden causa um profundo impacto sobre a rede Al-Qaeda, e é respeitado e idolatrado pelos extremistas", explicou. Parte dessa fama teria sido construída com um forte viés religioso. "Ele tem adotado uma campanha na qual se apresenta como uma espécie de mensageiro de Alá na Terra", lembrou Gunaratna, que entrevistou mais de 200 militantes da Al-Qaeda em dezenas de países e traduziu incontáveis transcrições de comunicações interceptadas, inclusive ligações feitas pelo próprio Bin Laden. Fatores Rohan Gunaratna acredita que a morte ou a captura do líder extremista depende de dois fatores básicos: a estabilização do Afeganistão e a realização de operações de inteligência e militares dentro do território paquistanês. "Bin Laden está escondido nas Áreas Tribais Administradas Federalmente (Fata, pela sigla em inglês), no Paquistão", garantiu. As Fata compreendem uma região montanhosa de 450km de comprimento e 27.220km2. "Ele é, hoje, o mais importante terrorista em atividade no mundo, o cérebro dos atentados de 11 de setembro de 2001." O especialista cingalês defende a derrota do Talibã no Afeganistão, sob pena de o país não ser pacificado. Morador de Khost - cidade situada ao leste do Afeganistão, em uma região montanhosa perto da fronteira paquistanesa -, Abdullah Ansari aposta que a captura de Bin Laden não é lucrativa para o próprio Afeganistão. "A prisão ou morte dele colocaria um fim ao jogo de Cabul, que lucra com a produção de armas, por causa de sua existência", comentou, em entrevista pela internet. "Os americanos querem Bin Laden vivo até penetrarem o Paquistão e construir um anel viário no Oriente Médio, compreendendo Iraque, Irã, Afeganistão e Paquistão", opinou. Em um esforço para conduzir sua estratégia rumo ao sucesso, o secretário da Defesa dos EUA, Robert Gates, visitou o Centro de Operações Conjuntas da Otan e da Força Internacional da Assistência à Segurança (Isaf), em Cabul. "Temos todo o necessário para ter êxito aqui", declarou, no local onde trabalham 170 pessoas de 42 países.

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