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Costa Rica e Panamá pedem ao presidente eleito de Honduras que convença Micheletti a deixar o cargo

postado em 10/12/2009 08:05
Honduras vive hoje às voltas com três presidentes da República: o deposto por um golpe de Estado em junho, Manuel Zelaya; o interino e ex-presidente do Congresso, Roberto Micheletti; e o recém-eleito, Porfirio Lobo, que prevê assumir no próximo mês. Ontem, os chefes de Estado da Costa Rica, Óscar Arias, e do Panamá, Ricardo Martinelli, alertaram Lobo que ele deve convencer Micheletti a renunciar ao cargo, caso pretenda obter o reconhecimento internacional das eleições realizadas no fim de novembro. O encontro dos líderes ocorreu em San José (Costa Rica). [SAIBAMAIS]"Consideramos que Micheletti deve abandonar seu cargo, porque isso é o que espera, deseja e exige a comunidade internacional", afirmou Arias, ressaltando que a presidência deve ser passada a Lobo por outra pessoa que não seja o mandatário interino. "Honduras é um dos (países) mais pobres do continente e não merece a agonia de a comunidade internacional não reconhecer a vontade manifestada nas urnas", completou Arias. O Prêmio Nobel da Paz lembrou que vários pontos do Acordo de San José, criado para dar fim à crise política, foram assinados por Zelaya e Micheletti e poderiam a ajudar o resto do mundo a aceitar a eleição de Lobo. Atualmente, Arias e Martinelli são os únicos presidentes da América Central a reconhecerem a votação. Lobo, por sua vez, acredita que os membros da comunidade internacional "já não contemplam o retorno do presidente Zelaya e dizem que o Congresso já decidiu". No entanto, o Brasil é um dos países que lidera a comunidade internacional no apelo à não legitimação das eleições, enquanto Zelaya não for devolvido ao poder. O presidente deposto também insiste em não aceitar os comícios. "Lobo, do Partido Nacional, ganhou do Partido Liberal, mas estas eleições não têm legitimidade pela abstenção extraordinária. Apenas 40% dos eleitores votaram", disse Zelaya. "O novo governo, que se instala em 27 de janeiro, não poderá funcionar sem um acordo de governabilidade com todas as partes envolvidas neste processo", defendeu Zelaya à rádio Globo, na embaixada do Brasil em Tegucigalpa. O Congresso hondurenho rejeitou, no início deste mês, a restituição de Zelaya. O governo interino avalia que acordo deve ser cumprido com a formação de um governo de reconciliação. O regime de Micheletti convidou Zelaya a enviar representantes para integrá-lo, mas o presidente deposto recusou a ideia. "O presidente Zelaya reiterou que nunca apoiará o regime golpista de Micheletti e que não está enviando nenhuma lista (de representantes) a ninguém", declarou o porta-voz de Zelaya, Rasel Tomé. O governo interino tentou vincular a resposta de Zelaya à aceitação do novo governo eleito. "Se (Zelaya) não pode se integrar, também esse governo tem a responsabilidade e o compromisso de ir até 27 de janeiro e fazer a entrega pública do poder ao próximo presidente", declarou o ministro da Presidência de Micheletti, Rafael Pineda. Dinheiro Lobo reconheceu ontem que seu governo não terá acesso a cerca de US$ 2 bilhões em ajuda, caso Honduras não normalize as relações com a comunidade internacional. O presidente eleito disse à Rádio HRN que o governo correrá o risco de não ter acesso à verba, "pelo menos nos primeiros meses do próximo ano". Segundo Lobo, os recursos incluem"empréstimos com condições muito vantajosas que serão muito necessários para que possamos iniciar um governo que atenda ao básico de nossa população". Os programas de ajuda estão ligados a diversos países e organismos financeiros, como o Banco Centro-Americano de Integração Econômica (BCIE) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O BCIE suspendeu a liberação de crédito a Honduras depois do golpe contra Zelaya.

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