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Analista diz que Michelle Bachelet não faz sucessor por erros da esquerda e tradição chilena

postado em 10/12/2009 14:22
A dificuldade da atual presidente do Chile, Michelle Bachelet - que apresenta um dos índices de popularidade mais altos de um governo (cerca de 80%) - de fazer seu sucessor vitorioso é consequência de uma série de fatores que vão desde erros cometidos pela coligação Concertación (centro-esquerda) à tradição do eleitorado chileno, segundo o analista político Tomás Mosciatti. Para ele, o principal erro da esquerda foi a escolha do ex-presidente Eduardo Frei Ruiz como candidato, além da perda de identidade. "A escolha de Frei é um erro terrível, porque não representa renovação nem indica semelhança com Bachelet", afirmou ele. "A qualidade de exigência para ingresso na coligação Concertación diminuiu muito nos últimos tempos". Segundo o analista político, tradicionalmente o eleitorado chileno não costuma associar os candidatos aos presidentes. Mosciatti lembrou que o ex-presidente Ricardo Lagos (2000-2006) deixou o governo com 65% de popularidade e sua candidata e atual presidente Michelle Bachelet obteve 45% dos votos. "Essa é a cultura política no Chile", disse ele. De acordo com o analista, a Concertación erra também por manter uma ideologia e o programa interno antigos, que não representam a renovação. Mosciatti deu a entender que os chilenos querem a renovação, depois de 20 anos de controle da esquerda no país. Mosciatti participa de um evento organizado pela Fundación Imagen de Chile, ligada ao governo chileno, destinado à imprensa estrangeira. O seminário Eleições no Chile: 20 Anos de Democracia, 200 Anos de Independência, tem o objetivo de fazer um balanço das duas décadas em que os partidos de centro-esquerda se mantêm no poder. Pesquisa de opinião publicada nesta quinta-feira (10/12) no jornal La Tercera, um dos maiores do Chile, informa que candidato da oposição Miguel Sebastián Piñeira, da coligação Alianza (centro-direita) detém 44,1% das votos, o ex-presidente e candidato Eduardo Frei Ruiz, da coligação Concertación (de Bachelet), está com 31%, e o candidato independente Marco Enriquez-Ominami Gumucio obtém 17,7%. Para Mosciatti, é fundamental compreender as diferenças entre os candidatos. Segundo ele, Piñeira não é um empresário tradicional nem representa a direita convencional associada ao ex-ditador general Augusto Pinochet. Para ele, o empresário representa a chance de melhoria social, o que é almejado por muitos chilenos. De acordo com o analista, é essencial ainda observar que Enriquez-Ominami guarda mais semelhanças com Bachelet do que Frei, além de representar a renovação e mudanças. Segundo o analista, Frei representa algo "muito antigo", enquanto Piñeira representa a "modernidade". No próximo domingo (13), cerca de 9 milhões de eleitores irão às urnas nas nove regiões políticas do Chile. A previsão dos organizadores políticos é que os resultados sejam conhecidos à noite. De acordo com as pesquisas de opinião, a tendência é a de que haverá segundo turno das eleições. Para obter a vitória no primeiro turno, o candidato deve conseguir mais de 50% dos votos.

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