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Começa na Argentina julgamento do chamado Anjo Louro da Morte

BUENOS AIRES - O ex-capitão da Marinha argentina, Alfredo Astiz, chamado de o "Anjo Louro da Morte", deve ser julgado a partir desta sexta-feira em Buenos Aires, 32 anos após o sequestro e morte de duas religiosas francesas durante a ditadura (1976-1983) Léonie Duquet e Alice Domon. Ele estaria envolvido, também, no desaparecimento da cidadã argentino-sueca Dagmar Hagelin e do escritor e jornalista Rodolfo Wash, entre outras centenas de casos de torturas e assassinatos. Astiz, 58 anos, detido na prisão de Marcos Paz (40 km a sudoeste de Buenos Aires), é acusado, junto com 18 outros militares, de crimes cometidos na tristemente célebre Escola de Mecânica da Armada (Esma), centro de tortura que se tornou símbolo da repressão durante a ditadura. Ele havia sido admitido quarta-feira no Hospital Naval de Buenos Aires para exames - foi operado de um tumor de fígado, em 2004 - tendo sido liberado no mesmo dia. Astiz se sentará no banco dos réus junto com outros 18 repressores. O julgamento sofreu dois adiamentos, uma vez que originalmente deveria começar no dia 6 de outubro. O sequestro, a tortura e a morte de estrangeiros tornou-se tristemente célebre no mundo deste ex-oficial, já condenado à prisão perpétua à revelia na França em 1990, e na Itália, em 2007.