Agência France-Presse
postado em 11/12/2009 10:19
PROSPERIDAD - Homens armados de um clã local da ilha de Mindanao, sul das Filipinas, ameaçaram nesta sexta-feira (11/12) matar dezenas de reféns se a polícia tentar resgatá-los.
Pelo menos 75 pessoas, segundo a polícia, foram sequestradas na quinta-feira por homens armados do clã Ondo, que atacaram uma escola da província de Agusan do Sul, na ilha meridional de Mindanao. Dezoito reféns, entre eles 17 estudantes e um professor, foram colocados em liberdade depois de oito horas de cativeiro.
Nesta sexta-feira, outros 10 reféns foram liberados, anunciou a principal negociadora do governo, Josefina Bajade. "Matarei os reféns se a polícia tentar salvá-las", declarou o chefe dos sequestradores, Ondo Perez, armado com um fuzil de assalto.
O líder do grupo também deu uma semana ao governo para cumprir com suas reivindicações. Os 15 sequestradores exigem a suspensão das acusações de assassinato e das ordens de prisão emitidas contra eles, assim como o desarmamento de um clã familiar rival.
Os reféns se encontram numa cabana abandonada numa clareira de uma montanha densamente arborizada a dois quilômetros de seu povoado. Pelo menos 400 policiais e militares se encontram posicionados na montanha, prontos para iniciar um ataque caso seus comandantes ordenem a invasão.
Segundo Bajade, o clã Ondo executou o sequestro em massa para impedir que a polícia prendesse alguns membros acusados pelo assassinato de quatro integrantes de um clã rival. Estes sequestros acontecem em meio a uma espiral de violência no sul das Filipinas, onde as forças governamentais lutam contra as rebeliões islamita e comunista. Na área também existem muitas milícias armadas.
O último episódio mais violento remonta a 23 de novembro, quando matadores de aluguel do governador da província de Maguindanao, sul de Mindanao, mataram 57 civis, incluindo 26 mulheres. A chacina comoveu o país e motivou a imposição da lei marcial na província.
Cinco membros do clã do governador Andal Ampatuan Sr, acusado por esta matança cometida por rivalidades políticas entre famílias, foram detidos. Na quinta-feira, os homens armados atacaram, sem causar vítimas, um comboio que transportava provas relacionadas à chacina.
O governo da presidente filipina Gloria Arroyo autorizou ao clã Ampatuan que dispusesse de uma milícia armada como parte de sua estratégia de luta contra os separatistas islamitas no sul do país.
Na mesma região, na ilha de Basilan, foi sequestrado um professor, informou um dirigente local, que atribui a autoria ao grupo islamita Abu Sayaf. Na quarta, foi encontrada numa bolsa de plástico a cabeça de um operário filipino sequestrado em novembro na ilha de Basilan por Abu Sayaf, que também é suspeito de ter decapitado um professor nesse mesmo mês.
O grupo Abu Sayaf geralmente comete sequestros de estrangeiros e de cristãos pelos quais pede pagamento de resgates. As autoridades o acusam de manter vínculos com organizações islamitas como a Al-Qaeda e a Jemaah Islamiya.