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Novo secretário de Obama quer convencer Amorim a aceitar o resultado do pleito em Honduras

postado em 13/12/2009 09:36
A crise política em Honduras deve voltar à agenda de negociações entre as diplomacias brasileira e americana amanhã, quando o chanceler Celso Amorim recebe em Brasília o novo secretário do presidente Barack Obama para a América Latina, Arturo Valenzuela. "Não acredito que estamos em desacordo", afirmou o funcionário. "Podemos ter diferentes avaliações sobre determinadas coisas, enquanto seguimos em frente." [SAIBAMAIS]Brasil e Estados Unidos divergem sobre a solução para a questão de Honduras. Enquanto o presidente deposto, Manuel Zelaya, não for restituído ao poder, o governo brasileiro não reconhecerá as eleições presidenciais realizadas no fim de novembro e seu candidato vencedor, Porfirio Lobo. O governo americano, por outro lado, considera que o processo eleitoral foi realizado de forma democrática e poderia servir para resolver o problema político no país. "O que pedimos é que se faça um esforço final, coletivo, por parte dos países da região, especialmente na América Central, para se chegar a uma solução que permita que se reconheçam as eleições em Honduras", ressaltou Valenzuela. Na semana passada, Amorim ironizou a postura americana sobre Honduras. "Deve ser uma frustração muito grande, acho eu, para os Estados Unidos, cuja diplomacia se envolveu até muito mais que a nossa", disse o chanceler durante o programa de rádio Bom dia ministro. "Essa frustração advém do fato de você ter sido excessivamente tolerante com um governo golpista", afirmou. Pedido negado Na sexta-feira, o presidente interino, Roberto Micheletti, rejeitou um pedido da Costa Rica e do Panamá para que renunciasse ao poder, como caminho para facilitar o reconhecimento das eleições pela comunidade internacional. "Minha estadia na Presidência da República é curta, apenas sete meses, que sob a proteção de Deus encerrarei dia 27 de janeiro deste ano de 2010", insistiu Micheletti. Na data, ele pretende passar a Presidência para Porfirio Lobo, o que deverá complicar a legitimidade do novo governo. O chanceler interino, Carlos López Contreras, também negou a anistia política como saída para a crise. Enquanto isso, Zelaya permanece na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa. Apesar de Micheletti ter negado seu deslocamento como "hóspede ilustre" para o México, exigindo que se retirasse como "asilado político", inúmeros países cogitam a possibilidade de receber Zelaya. A chanceler mexicana, Patricia Espinosa, reiterou que seu governo está disposto a outorgar ao presidente deposto qualquer "figura migratória" para colocar fim à crise em Honduras. O assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio García, prometeu em Lima que "não há nenhum problema" em que Zelaya fique o tempo que quiser na embaixada brasileira. "O problema é o tempo que não está no Palácio do Governo hondurenho", disse. García afirmou ainda que a possibilidade de o Brasil conceder asilo político a Zelaya "ainda não é cogitada" e opinou que o México é mais próximo a Honduras.

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