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Bachelet deixa a Presidência do Chile em março, mas se prepara para disputar o cargo em 2014

postado em 15/12/2009 11:30
Primeira mulher presidente do Chile, a médica Michelle Bachelet, 58 anos, já sinalizou que vai se lançar candidata ao mesmo cargo em 2014. No país em que a reeleição não existe, Bachelet deixa o governo, em março, com cerca de 80% de aprovação popular - um dos índices mais elevados da história política chilena. O professor de opinião pública da Universidade Católica do Chile William Polath disse à Empresa Brasil de Comunicação (EBC) que Bachelet é um fenômeno político. Segundo ele, a presidente soube explorar de forma inteligente e na medida a questão da feminilidade na política. Em um país conservador como o Chile, a iniciativa dela foi bem recebida. O especialista lembrou ainda que no Chile, em geral, os presidentes no último ano de mandato atingem o ápice da popularidade. De acordo com Polath, é uma "característica chilena". No entanto, na história recente do país uma das exceções foi o ex-presidente e agora candidato Eduardo Frei Ruiz, da coligação de centro-esquerda Concertación. Ele foi afetado pela crise econômica mundial de 2000. A um mês do segundo turno das eleições no Chile e a pouco mais de 60 dias de deixar o governo, Bachelet deixa um legado para o sucessor que vai desde realizações na área social até a ampliação das relações multilaterais com vários países. Símbolo de profissional bem-sucedida, a pediatra, separada e mãe de três filhos, virou uma espécie de ícone da mulher moderna chilena. Concentrada nas questões sociais, Bachelet ampliou o sistema de Previdência, criou a Justiça do Trabalho e instalou creches assistidas nas principais áreas. Internamente, evitou fazer concessões políticas. Para as questões de política partidária e relações com o Congresso Nacional, Bachelet escalou nomes de sua confiança, como o secretário-geral da Presidência, José Viera-Gallo, e o chefe de gabinete, Rodrigo Peñaidi. Determinada a ampliar as relações econômicas e políticas do Chile com os países da América Latina, os Estados Unidos e a União Europeia, a presidente intensificou as viagens pelo mundo. Posou para fotografias ao lado do presidente norte-americano, Barack Obama, e do ex-presidente de Cuba Fidel Castro. Sem dívida externa, o Chile é credor líquido e ainda responsável pela maior reserva mundial de cobre, detendo 40% da produção. Consciente do poder de seu país, Bachelet buscou consolidar externamente a imagem de seu país e abrir possibilidades de comércio. O Brasil é um dos principais parceiros dos chilenos, ocupando o oitavo lugar geral e o primeiro na América Latina. Além da herança de política social, o sucessor de Bachelet deverá manter o êxito das relações multilaterais iniciadas por ela. Os dois candidatos que disputarão o segundo turno - o de oposição e de centro-direita, Sebastián Piñeira (Alianza), que obteve 44,23% dos votos no primeiro turno, e o governista e ex-presidente Eduardo Frei Ruiz (Concertación), que conseguiu 30,5% - sabem disso. Tanto é que Piñeira e Frei Ruiz, ainda quando disputavam o primeiro turno, reuniram-se com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para antecipar futuras negociações em caso de vitória. De acordo com interlocutores, ambos afirmaram que querem ampliar as relações bilaterais com o Brasil e têm simpatia por Lula.

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