Agência France-Presse
postado em 15/12/2009 18:15
Os países da esquerda radical da América Latina enterraram em Havana as expectativas do presidente americano, Barack Obama, em relação ao grupo, em um claro desafio aos Estados Unidos liderado pelo venezuelano Hugo Chávez.
[SAIBAMAIS]Reunidos durante dois dias na Cúpula da Alternativa Bolivariana para as Américas (ALBA), os governantes de Venezuela, Cuba, Bolívia, Nicarágua e o chanceler do Equador elevaram o tom contra Obama, ao acusá-lo de dirigir uma campanha para deter a esquerda na América Latina.
Um carta de Fidel Castro, lida por Chávez, reabriu o capítulo das más relações com os EUA, após uma pausa provocada pelo fim do mandato de do presidente George W. Bush.
"São óbvias as intenções do Império (EUA), desta vez sob o sorriso amável de um rosto afro-americano".
Os Estados Unidos "não podem conosco, saiba o senhor Obama, saiba o senhor Prêmio Nobel da guerra", disse Chávez.
"A América Latina será o segundo Vietnã", advertiu o boliviano Evo Morales.
Promoveram um golpe de Estado em Honduras (...), um acordo com a Colômbia que permite aos Estados Unidos o uso de sete bases militares, tudo isto após a posse de Obama, destaca a carta de Fidel Castro.
O tom subiu após a advertência da secretária americana de Estado, Hillary Clinton, sobre o "flerte" de países da região com o Irã, diante da aproximação de La Paz, Quito, Manágua, Caracas e Havana com Teerã, incluindo visitas recíprocas dos líderes latino-americanos e do presidente Mahmud Ahmadinejad.
Ao encerrar a reunião, o presidente cubano, Raúl Castro, afirmou que "Honduras é um exemplo de que o suposto compromisso de Washington e seus aliados com a democracia não passa de pura demagogia e oportunismo".
"O império mantém uma política monolítica, se não como explicar o que ocorreu em Honduras", disse o presidente nicaragüense, Daniel Ortega.
Os Estados Unidos, que condenaram de início o golpe de Estado em Honduras, lideraram posteriormente uma operação diplomática para permitir a eleição de um novo presidente, sem o retorno ao poder do líder deposto, Manuel Zelaya.
A Cúpula da ALBA coincidiu com a primeira viagem do vice-secretário americano para a América Latina, Arturo Valenzuela, que inclui Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, países que discordam da posição dos Estados Unidos sobre a crise em Honduras.