Agência France-Presse
postado em 20/12/2009 10:48
Jerusalém - Israel pediu neste domingo a abertura dos arquivos do Vaticano sobre a Segunda Guerra Mundial, depois da decisão de Bento XVI de acelerar o processo de beatificação do Papa Pio XII, criticado por seu silêncio durante o Holocausto.
"O processo de beatificação não nos diz respeito, é uma questão da Igreja católica. Cabe aos historiadores avaliarem o papel de Pio XII, e é por isso que pedimos a abertura dos arquivos do Vaticano sobre a Segunda Guerra", declarou o porta-voz do ministério israelense das Relações Exteriores, Yigal Palmor.
Sábado, Bento XVI, que fez este ano uma peregrinação em Terra Santa, proclamou "veneráveis" dois de seus predecessores, João Paulo II e Pio XII, suscitando reações negativas das comunidades judaicas de Berlim e Roma.
No fim dos anos 60, Pio XII foi acusado de ter tido uma atitude passiva frente ao Holocausto, o que desacelerou seu processo de beatificação, iniciado em 1967. Porém, desde que substituiu João Paulo II, em 2005, o cardeal alemão Joseph Ratzinger, que era adolescente na época do nazismo, já defendeu Pio XII diversas vezes.
Os arquivos do Vaticano não serão disponíveis antes de 2013, disse no ano passado o rabino David Rosen, que ajudou a negociar o "acordo fundamental" sobre o estabelecimento, em 1993, de relações diplomáticas entre Israel e a Santa Sé.
No ano passado, o ministro israelense dos Assuntos Sociais, Yitzhak Herzog, qualificou de "inaceitável" o projeto para "transformar Pio XII em santo". "O Vaticano sabia o que estava acontecendo na Europa durante o Holocausto. O Papa se manteve em silêncio e talvez fez pior, em vez de denunciar o sangue derramado, como manda a Bíblia", denunciou.