postado em 21/12/2009 08:13
O inverno no Hemisfério Norte, oficialmente, só tem início hoje, mas o frio intenso e uma série de intensas nevascas já castigaram milhares nos Estados Unidos e na Europa no fim de semana. Na Polônia, pelo menos 15 mortes foram registradas por conta do frio e, nos Estados Unidos, cinco pessoas morreram em acidentes causados pelo mau tempo. Segundo serviços meteorológicos norte-americanos, Washington enfrentou sua pior nevasca desde 1932, acumulando nas ruas uma camada de neve de até 40cm em menos de 24 horas. Os serviços de transporte público e os aeroportos foram afetados na costa leste americana, na França, na Alemanha, no Reino Unido e na Bélgica.
Na Europa, as menores temperaturas registradas foram no sul da Alemanha (-33,6ºC), no leste da França (-24ºC) e na Polônia (-20ºC). As principais vítimas do mau tempo são os moradores de rua - na Polônia, por exemplo, onde foram contabilizadas 47 mortes desde o início do mês por conta do frio, as autoridades pediram que a população preste socorro aos sem-teto. "Ninguém deveria passar longe se vê uma pessoa necessitada, mas avisar às autoridades", disse um porta-voz da polícia. Em Mannheim, no sudoeste alemão, na França e na Áustria, quatro desabrigados não resistiram ao frio. A Ucrânia também foi duramente afetada.
Às vésperas do feriado de Natal, a neve também deixou milhares de passageiros sem voo nos aeroportos de Bruxelas, Charleroi e Liège, na Bélgica, e de Manchester e Heathrow, no Reino Unido. Em Paris, 40% dos voos previstos para a manhã de ontem no Charles de Gaulle foram cancelados ainda no sábado. A empresa Eurostar, que administra os trens que ligam Paris a Bruxelas e Londres, sob o Canal da Mancha, decidiram suspender as viagens no domingo, depois que 2 mil pessoas passaram a noite de sexta-feira e madrugada de sábado no túnel por conta de uma pane elétrica ocasionada por um %u201Cchoque térmico%u201D.
No início da noite de ontem, a companhia anunciou que as linhas do Eurostar ficariam paradas também hoje . Segundo a própria empresa, cerca de 24 mil pessoas tiveram a viagem cancelada. Os demais trens de alta velocidade da França circulavam com uma velocidade bem inferior aos mais de 300 km/h habituais.
Deslocamento
A nevasca que atormentou a capital norte-americana nos últimos três dias começou, na tarde de ontem, a se deslocar para os estados mais ao norte, na chamada Nova Inglaterra. De acordo com a polícia da Virgínia, o mau tempo provocou cerca de 3 mil acidentes só no sábado nas estradas locais, matando pelo menos três pessoas. Moradores de West Virginia, Tennessee, Kentucky e Carolina do Norte ficaram sem eletricidade por várias horas. Os serviços de meteorologia anunciaram um recorde de nevasca, que se alastrou por 800km do nordeste ao norte do país. "Essa (nevasca) foi uma das maiores", afirmou Kevin Witt, meteorologista do National Weather Service, ao jornal The New York Times.
Grande parte dos voos domésticos foram cancelados no aeroporto de Boston-Logan e no Reagan-National, que fica dentro de Washington, nenhum avião pôde decolar ou pousar até as 10h locais (13h de Brasília), segundo um comunicado. A porta-voz do Departamento de Transportes da Virgínia, Joan Morris, afirmou que algumas rodovias poderão continuar fechadas por conta da neve até a quarta-feira, e muitos motoristas podem não conseguir pegar o carro hoje. "Estamos nos esforçando para limpar as estradas, mas é possível que a maioria das pessoas não consiga usá-la amanhã (hoje)", afirmou.
Na costa mais ao norte, onde o tempo tende a piorar, muitos moradores tiveram problemas com o mau tempo. O brasileiro Elio Silva, 39 anos, que mora há 21 na ilha de Martha%u2019s Vineyard, na costa da Nova Inglaterra, diz que não vê tanta neve desde o inverno de 2006. Segundo ele, o ápice da nevasca ocorreu no início da manhã de ontem. "Sorte que foi em um domingo, e as pessoas não precisavam trabalhar. Até agora tem muita gente que eu conheço com o carro preso na neve", disse Silva, que pouco antes de falar com a reportagem ajudou uma amiga a "desenterrar" o carro. "Se essa neve continuar, vai atrapalhar bastante, por conta das compras de Natal", avalia Silva, que é comerciante na ilha.