Agência France-Presse
postado em 25/12/2009 11:08
CABUL - Os talibãs divulgaram nesta sexta-feira (25/12) o segundo vídeo de Bowe Robert Bergdahl, soldado americano sequestrado no Afeganistão há seis meses que se tornou o primeiro militar dos Estados Unidos mantido em cativeiro pelos extremistas desde o início da intervenção militar ocidental em 2001.
No vídeo curto, as imagens mostram o soldado Bergdahl de pé, vestido com o uniforme, com capacete e óculos escuros. Assim como no primeiro vídeo divulgado em julho, mantém um discurso favorável aos sequestradores.
"Eu receio ter que dizer a vocês que esta guerra escapou de nossas mãos e que vai ser nosso próximo Vietnã, a não ser que o povo americano se levante para interromper este absurdo", afirma no vídeo o jovem de 23 anos, desaparecido desde 30 de junho.
O Exército americano anunciou em 2 de julho o sequestro na região sudeste do Afeganistão. No mesmo mês, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, denunciou o sequestro e afirmou que Washington fazia todo o possível para localizar e libertar o soldado.
O comando americano em Cabul e o Comando Central (CentCom) de Tampa Bay, na Flórida, informaram não estar a par do vídeo. A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que tem parte das tropas sob seu comando no Afeganistão, se recusou a fazer comentários.
Um porta-voz dos talibãs, Yusuf Ahmadi, declarou que o soldado não foi torturado e está sendo tratado de acordo com os preceitos da 'sharia' (lei islâmica) para prisioneiros de guerra. "Com o vídeo, queremos mostrar ao mundo que é uma invasão do Afeganistão. Queremos mostrar que estamos ganhando esta guerra e que os invasores morrerão ou serão capturados como ele", disse Ahmadi. Os talibãs exigem a libertação de seus prisioneiros dos centros de detenção americanos em troca da liberdade do soldado capturado.
Caso o Exército americano confirme que é Bowe Bergdahl quem aparece nas imagens, este será o segundo vídeo do soldado difundido pelos extremistas. Em 19 de julho ele apareceu em um vídeo de 28 minutos. Na ocasião, o Exército americano denunciou um "instrumento de propaganda" dos talibãs.
Um homem que se apresentou como um comandante talibã na região, o mulá Bahram, afirmou que o refém estava em cativeiro no Waziristão do Norte, um distrito tribal paquistanês próximo da fronteira com o Afeganistão, considerado um reduto dos talibãs paquistaneses e uma base de retaguarda dos extremistas afegãos. Mas outras fontes ligadas aos talibãs afirmam que o soldado americano está detido no sudeste do Afeganistão. Nenhuma informação sobre o paradeiro foi confirmada.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou recentemente o envio ao Afeganistão de 30 mil soldados adicionais para reforçar o contingente de 71 mil militares mobilizados atualmente no país para lutar contra os talibãs, que foram expulsos do poder em 2001.
O ano de 2009 registra mais de 300 mortes de soldados americanos no Afeganistão, um número muito superior aos 155 do ano passado.