Agência France-Presse
postado em 30/12/2009 10:41
Os talibãs paquistaneses aliados da Al-Qaeda reivindicam o atentado contra uma procissão de muçulmanos xiistas na segunda-feira, em Karachi, anunciou à AFP um de seus comandantes.
O atentado, cometido em meio à celebração da festa xiita da Ashura, causou a morte de pelo menos 43 pessoas e feriu outras 60, segundo o balanço mais recente.
"Nós cometemos o atentado suicida de Karachi", declarou Asmatulá Shaheen, alto comandante talibã do distrito tribal do Waziristãodo Sul (noroeste do Paquistão) falando com a AFP por telefone.
"Realizaremos outros ataques, e os alvos serão os prédios governamentais", acrescentou.
O Waziristão do Sul, onde o exército paquistanês realiza desde outubro uma grande ofensiva contra os talibãs, é o reduto do Movimento dos Talibãs do Paquistão (TTP), aliado da Al-Qaeda.
O TTP e seus aliados são considerados os principais responsáveis pela onda de atentados registrada há dois anos e meio no país, e que causou mais de 2.800 mortos.
As autoridades decretaram um dia de luto nesta terça-feira na cidade, em aparente calma e com trânsito reduzido horas após o atentado.
O atentado desencadeou uma série de atos violentos em toda a cidade, onde os peregrinos enfurecidos apedrejaram ambulâncias, atiraram para o alto e incendiaram dezenas de veículos e lojas.
Os bombeiros trabalharam atá a noite para tentar controlar um grande incêndio nos mercados próximos ao local do atentado.
O primeiro-ministro do Paquistão, Yusuf Raza Gilani, condenou o ataque e pediu calma à população.
O homem-bomba detonou a carga explosiva na tarde de segunda-feira em uma ampla avenida, em meio a maior procissão programda no país por ocasião da Ashura, quando a minoria xiita recorda a morte do imãn Hussein no ano 680.
"Ele utilizou 16 quilos de explosivos muito potentes", afirmou à AFP um dos coordenadores da investigação, Munir Shaikh.
O governo acusou vários grupos islamitas sunitas, entre eles o Movimento dos Talibãs do Paquistão (TTP), pelo atentado.
Os xiitas representam aproximadamente 20% da população paquistanesa, majoritariamente sunita. Mais de 4.000 pessoas morreram em confrontos religiosos desde o fim dos anos 1980 no país.