WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, se reunirá nesta terça-feira com os encarregados dos serviços de inteligência, após apontar as carências "inaceitáveis" que permitiram à Al-Qaeda preparar um atentado, frustrado, contra um avião comercial americano.
[SAIBAMAIS]Diante da facilidade de um jovem nigeriano para entrar com explosivos em um avião que fazia a rota Amsterdã-Detroit, no dia de Natal, Obama escutará os dirigentes das principais agências de Inteligência para realizar uma análise do que ocorreu.
Oito anos após os atentados de 11 de setembro e bilhões de dólares investidos em segurança do transporte aéreo, os serviços de inteligência americanos sofreram um duro revés quando Umar Faruk Abdulmutallab conseguiu subir a bordo de um avião com explosivos colados ao corpo.
Sua bomba artesanal falhou, e o jovem nigeriano foi dominado por outros passageiros.
Em seguida, uma investigação revelou que o pai do terrorista muçulmano, de 23 anos, havia alertado a embaixada dos Estados Unidos em Abuja sobre a atitude radical do filho.
Apesar do alerta, a informação não foi compartilhada entre os diversos serviços do governo e o nigeriano não entrou para a lista de suspeitos proibidos de pegar voos para os Estados Unidos.
Washington Post e The New York Times afirmam que a Agência de Segurança Nacional (NSA) obteve informações de que um nigeriano estaria treinando no Iêmen para uma missão da Al-Qaeda. Comunicações interceptadas indicavam um possível ataque no Natal.
Na semana passada, Obama qualificou de "absolutamente inaceitável (...) o fracasso do dispositivo" de segurança.
A situação se apresenta ainda mais grave porque repete a falta de cooperação e comunicação entre as agências de inteligência, algo que permitiu os atentados de 11 de setembro de 2001, e alguns meios de comunicação já citam a possibilidade de Obama exigir a renúncia de certas autoridades.
"O serviço de inteligência e de obtenção de informações é difícil e nem sempre produzirá informações completas. Obama não entende isto", explicou uma autoridade americana, que pediu para não ser identificada.
"A questão é que quando há informação de qualidade, é intolerável que não seja compartilhada".
A reunião de amanhã examinará ainda o reforço da segurança no transporte aéreo, um dia após o anúncio de revistas rigorosas sobre todos os passageiros procedentes de países que "apóiam o terrorismo".