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Segurança nos aeroportos dos EUA é revista

Medidas polêmicas incluem lista de países suspeitos e scanner que "vê" através da roupa

postado em 05/01/2010 07:01
Na manhã de ontem, enquanto o presidente Barack Obama e sua família retornavam, no Air Force One, das curtas férias no Havaí, os passageiros que embarcavam rumo aos Estados Unidos já experimentavam as regras de vistoria impostas pelo governo norte-americano após o atentado frustrado de 25 de dezembro. De acordo com as novas medidas de segurança, todas as pessoas provenientes de uma lista de 14 países - que inclui Iêmen, Afeganistão, Paquistão e Nigéria - precisam ser submetidas a inspeções mais severas, como o scanner completo do corpo. Com o objetivo de rever os procedimentos de segurança dos aeroportos norte-americanos, Obama convocou, para hoje, uma reunião com membros do Departamento de Estado e dos serviços de inteligência.

A decisão do governo Obama de dar um tratamento diferenciado aos passageiros de países considerados "patrocinadores do terrorismo" ou "suspeitos" não foi bem recebida pelas nações citadas. "É injusto incluir a Nigéria na lista de controles reforçados porque os nigerianos não têm tendências terroristas", protestou a ministra da Informação e porta-voz do governo, Dora Akunyili. O país certamente foi incluído na relação pelo fato de Umar Faruk Abdulmutallab, que tentou explodir um voo da Northwest Airlines entre Amsterdã a Detroit, com quase 300 pessoas a bordo, ser nigeriano. Os outros países listados foram Líbia, Argélia, Iraque, Arábia Saudita, Líbano, Somália, Irã, Sudão, Síria e Cuba - os últimos quatro vistos como "patrocinadores". O jornal oficial cubano Granma, criticou a decisão, afirmando que as medidas fazem parte da "paranoia antiterrorista" de Washington.

Dentro dos Estados Unidos, uma das decisões mais polêmicas é a adoção do "scanner corporal" por um maior número de aeroportos. Atualmente, apenas 19 aeroportos utilizam o equipamento, entre eles o Reagan National e o Baltimore-Washingtion International Marshall, ambos na capital federal. A Administração da Segurança nos Transportes (TSA, por sua sigla em inglês) anunciou que já fez o pedido de mais 150 scanners - eles serão instalados ainda este ano - e que o governo pensa em adquirir mais 300. ;Agora que uma pessoa perturbada trouxe explosivos em um avião dentro de suas roupas, vozes desesperadas querem que a TSA veja as imagens de cada passageiro nu - e isso representa mais de 2,5 milhões de pessoas por dia só nos voos domésticos", denunciou a ONG União Americana de Liberdades Civis (ACLU).

"O preço da liberdade é muito alto", afirmou ao The Washington Post Kate Hanni, fundadora da organização de defesa dos usuários de avião FlyersRights.org. "Os scanners de corpo inteiro não vão pegar os criminosos e vão submeter o resto de nós a revistas intrusivas e a um ;strip; virtual", argumenta. Há quem defenda o uso do aparelho, que permite visualizar o passageiro através de sua roupa. Uma bomba detonando em um avião é a maior invasão de privacidade que uma pessoa pode experimentar;, considera Jon Adler, presidente da Associação Federal de Agentes Legais. A Alemanha anunciou que vai instalar os seus primeiros "scanners" corporais em aeroportos nos próximos seis meses. Holanda, Reino Unido e Itália também já confirmaram que utilizarão o polêmico equipamento em nome da segurança.

Pais vão ao julgamento

Os pais de Umar Farouk Abdulmutallab, o estudante nigeriano acusado de tentar explodir um avião da companhia americana Northwest que ia de Amsterdã, na Holanda, para Detroit, viajam nesta semana para os Estados Unidos, onde pretendem acompanhar o processo do filho. "A família finalizou os preparativos para ir a Detroit assistir ao julgamento de Umar Farouk, que deve começar em 8 de janeiro, segundo a informação que temos", afirmou um membro não-identificado da família do nigeriano ao jornal norte-americano Next.

A mãe do acusado de 23 anos, Aisha Umar Mutallab, o pai, Alhaji Umar Mutallab, e outros familiares vão comparecer às audiências. Segundo fontes da presidência da Nigéria, Alhaji - que abandonou recentemente o cargo de presidente do banco nigeriano First Bank - não falou às autoridades sobre suas suspeitas de que o filho pudesse estar em contato com organizações terroristas, como havia divulgado anteriormente. O pai do jovem fez contato apenas com a embaixada americana, para relatar o desaparecimento de Umar Farouk, mas não teria revelado detalhes sobre o suposto extremismo religioso do filho.

O estudante está detido pelas autoridades federais no estado norte-americano de Michigan, onde será formalmente indiciado pelo atentado frustrado contra o voo da Northwest Airlines, que transportou 289 no dia de Natal. Chris Edmunds, professor de Umar Faruk entre 2000 e 2002 na escola britânica de Lomé, em Togo, afirmou ter sentido tristeza e pena do jovem, quando soube que ele havia sido preso. Em carta publicada no jornal The National, dos Emirados Árabes UNidos, ele recordou que o ex-aluno era exemplar. "Ele era um estudante talentoso, motivado e que sabia se expressar. Tinha as mesmas habilidades quando jogava futebol ou quando discutia sobre a atualidade", assegurou.

O professor lembrou ainda que, após os atentados de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos, a escola em que Umar Farouk estudava organizou um grupo de orações pelas vítimas. "Abdulmutallab estava lá e não sei se orou ou chorou, mas certamente compreendeu a mensagem que tentamos passar naquele dia, sobre a necessidade de cada um aprender a conviver com os outros", explicou.

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