Agência France-Presse
postado em 05/01/2010 11:21
O autor do atentado suicida que causou a morte de sete funcionários da CIA e um membro da inteligência jordaniana em 30 de dezembro no Afeganistão seria um agente duplo jordaniano recrutado pelos serviços de inteligência de seu país e que também trabalhava como agente duplo para a Al-Qaeda, informou o canal americano NBC News, uma notícia que provocou grande mal-estar em Amã.
A emissora, que cita fontes dos serviços de inteligência de países ocidentais, destacou que o jordaniano, identificado como Humam Khalil Abu Mulal al-Balawi, havia sido enviado ao Afeganistão com a missão de se encontrar com o número dois da Al-Qaeda, o egípcio Ayman al-Zawahiri.
Segundo a NBC News, o contato de Al-Balawi no Afeganistão foi o oitavo morto no atentado, um jordaniano identificado pela agência de notícias Petra como Ali bin Zeid, oficial dos serviços de inteligência da Jordânia. "Este oficial era membro da família real hachemita, o que explica que o rei e a rainha tenham assistido ao funeral, e que tenha sido tratado como herói nacional", explicou Bruce Riedel, ex-agente da CIA e conselheiro da Casa Branca.
Al-Balawi, segundo as fontes entrevistadas pela NBC, teria ligado para o contato na semana passada para dizer que devia se encontrar com a equipe da CIA baseada em Khost, leste do Afeganistão, porque tinha informações urgentes sobre Zawahiri. "O terrorista parece ter sido enviado pelo próprio Ayman al-Zawahiri para cometer o atentado", completou Bruce Riedel, que destacou ainda precisar confirmar a informação. O atentado foi reivindicado pelos talibãs.
O ministro da Informação da Jordânia, Nabil Sharif negou categoricamente as informações. "Os serviços jordanianos de informação não estão de nenhuma maneira envolvidos em tais operações de inteligência e cooperando com os Estados Unidos no Afeganistão", afirmou.
No entanto, parentes do capitão Ali bin Zeid, 33 anos - primo distante do rei Abdullah II -, afirmaram que ele estava em missão no Afeganistão há 20 dias no momento do atentado. "A Jordânia deve sentir-se incomodada com o fato de que sua cooperação com a CIA foi divulgada após a morte do capitão Ali, o que vai irritar uma população que é majoritariamente antiamericana", afirmou à AFP um diplomata ocidental.
De acordo com meios islâmicos em Amã, o homem apontado como terrorista - também conhecido como "Abu Dujana al-Jarassani" - tinha 36 anos e era médico. Nasceu na cidade pobre e islâmica de Zarka, a 23 km de Amã. Ele teria sido detido e mais tarde recrutado pelos serviços de inteligência jordanianos para infiltrar-se nas Al-Qaeda e tentar a aproximação de Al-Zawahiri, segundo o site islâmico Ana Mouslim.
"Passou meses entre Afeganistão e Paquistão, e forneceu informações aos americanos que os mujahedines queriam que soubessem. Cada vez que estas informações eram verificadas pelos americanos, aumentava entre eles a confiança em Abu Dujana", afirma o site.
O portal divulga detalhes do atentado e afirma que "Abu Dujana" deveria se encontrar com a equipe da CIA em Khost sob o pretexto de possuir informações urgentes sobre o número dois da Al-Qaeda. Ao chegar no local, não foi revistado. De acordo com o site, um funcionário da CIA chegou a afirmar: "Ele é nosso homem, não é necessário revistá-lo".
Abu Dujana teria em seguida esboçado um plano em um papel como para designar um objetivo. "Ele disse: 'aproximem-se para ver melhor'. Quando todos os agentes da CIA estavam perto dele, detonou os explosivos, depois de ter declarado: 'Agora nos aproximamos de nosso objetivo, exatamente como vocês fizeram com Baitullah Mehsud'", informa o site, a respeito do líder dos talibãs no Paquistão que foi morto em agosto de 2009 no disparo de um míssil americano.