WASHINGTON - Um irritado presidente Barack Obama admitiu nesta terça-feira (5/1) falhas "potencialmente desastrosas" dos serviços de Inteligência dos Estados Unidos, que, no contexto do atentado frustrado do dia 25 de dezembro contra um avião americano, foram piores do que se imaginou a princípio, e exigem ação imediata.
"Está cada vez mais claro que a inteligência não foi totalmente analisada ou totalmente acionada", disse o presidente em rede nacional de televisão, depois de uma reunião na Casa Branca com seus principais assessores de segurança e altos funcionários da Inteligência.
"Isto não é aceitável, e eu não tolerarei", afirmou.
Obama indicou que duas investigações sobre a tentativa de explodir um voo da Northwest Airlines que ia de Amsterdã para Detroit apontaram que a Inteligência americana ignorou outras "bandeiras vermelhas", referindo-se a situações suspeitas.
Além disso, há o fato de que Umar Farouk Abdul Mutallab, o jovem nigeriano que tentou derrubar o avião, ser um extremista islâmico que já havia viajado para o Iêmen.
Segundo Obama, a Inteligência sabia que a Al-Qaeda na Península Arábica tinha a intenção de atingir alvos dos Estados Unidos não apenas no Iêmen, mas também em solo americano.
"O principal é isto: o governo dos Estados Unidos tinha informação suficiente para descobrir este plano e até impedir o ataque do Natal, mas nossa comunidade de Inteligência não conseguiu ligar estes pontos", declarou o presidente.
"Em outras palavras", acrescentou, "isto não foi uma falha na coleta de dados de inteligência, foi uma falha na integração e compreensão dos dados que já tínhamos".
"Quando um suspeito de terrorismo consegue embarcar em um avião com explosivos no dia de Natal, o sistema falhou de uma maneira potencialmente desastrosa", resumiu Obama.
"É minha responsabilidade descobrir por quê e corrigir esta falha, para que possamos prevenir ataques como este no futuro", concluiu.
Na mesma mensagem, Obama renovou sua promessa de fechar a prisão de Guantánamo, apesar de decidir suspender a transferência de presos para o Iêmen, como consequência do atentado frustrado.
"Alguns sugeriram que os acontecimentos do dia de Natal deveriam provocar nossa revisão na decisão de fechar a prisão da baía de Guantánamo. Que fique claro: permanece nossa intenção de transferir os detidos para seus países, desde que haja a garantia de que nossa segurança será protegida".
Sobre a questão do Iêmen, Obama admitiu "que há problemas do ponto de vista da segurança (...) envolvendo nossos parceiros iemenitas", em referência a presença da rede terrorista Al-Qaeda na região.
"Diante desta situação confusa, já conversei com o secretário da Justiça, Eric Holder, e estamos de acordo sobre o fato de não transferir os presos (de Guantánamo) para o Iêmen neste momento".
"Como já disse, vamos fechar a prisão de Guantánamo, mas de um modo que não afete a segurança dos americanos", reafirmou Obama.