GENEBRA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá a última palavra sobre a compra de aviões de combate e Paris continua confiando nas chances do Rafale, pelo qual o chefe de Estado brasileiro já afirmou sua preferência - apesar de relatório do Comando da Aeronáutica que teria avaliado o caça Gripen NG, da empresa sueca Saab, como o melhor para o projeto de renovação da frota da Força Aérea Brasileira (FAB).
"A decisão final sempre é política", sentenciou nesta quarta-feira (6/1) em Genebra o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, referindo-se à licitação para a compra de 36 aviões de combate lançada pelo Brasil, um contrato que vai render bilhões de dólares ao vencedor
"A decisão final sempre é política, porque é tomada por órgãos políticos", declarou Amorim. "É óbvio que vamos estudar e levar em conta o conteúdo dos relatórios técnicos, mas a decisão final cabe ao ministro da Defesa (Nelson Jobim) e ao presidente da República", comentou o chanceler durante um encontro com jornalistas.
"A decisão será tomada pelo presidente da República, com a ajuda do Conselho de Defesa. Não é uma decisão exclusivamente militar", insistiu.
O Rafale da Dassault está concorrendo na licitação com o F/A-18 Super Hornet da Boeing e o Gripen NG da Saab.
A Força Aérea Brasileira (FAB) prefere o Gripen e até o Super Hornet para modernizar sua frota, por considerar o Rafale caro demais.
Segundo as conclusões de um relatório de 30.000 páginas ao qual a Folha de São Paulo afirmou ter tido acesso, "o fator financeiro foi decisivo para colocar o Gripen NG, ainda em fase de projeto, na primeira posição". "O Gripen é o mais barato dos três", justificou.
Segundo a Folha, "a Saab vende o Gripen pela metade do preço do Rafale, ou seja, cerca de 70 milhões de dólares, e a hora de voo é quatro vezes mais barata que a do Rafale".
Nesta quarta-feira, o ministro francês da Defesa, Hervé Morin, e comparou o Rafale a uma Ferrari e o Gripen a um Volvo.
"O Rafale é o único avião multimissões do mundo, ou seja, o único que pode cumprir ao mesmo tempo missões de defesa, de ataque e de reconhecimento", afirmou Morin.
"O Gripen não é um avião multimissões. O Gripen é um avião que não voa, que não existe e que ainda não saiu do papel", ironizou.
O Rafale nunca foi vendido no exterior mas o presidente da França, Nicolas Sarkozy, obteve em setembro um acordo de princípio de Lula em favor do caça francês, graças a promessa de uma transferência de tecnologia sem restrições.
A construtora Dassault afirmou que se Brasília escolher o Rafale, os seis primeiros aparellhos serão montados na França e os outros 30 no Brasil.
A presidência francesa se recusou a comentar as informações da Folha, dizendo-se tranquila com o resultado da licitação e as chances do Rafale.
"São apenas rumores publicados por um jornal. É preciso saber que estamos numa competição acirrada, e numa competição como esta todos os rumores são colocados na mesa por uns e outros", explicou Morin.