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Ataque de quilombolas a brasileiros deixa saldo de mais de 100 desabrigados

postado em 08/01/2010 11:10
Há 15 dias, brasileiros, chineses e javaneses foram surpreendidos por horas de ataques de quilombolas na cidade de Albina (a 150 quilômetros de Paramaribo). O saldo do ataque só entre brasileiros deixou mais de 100 homens, mulheres e crianças desalojados, além de 25 feridos, 17 mulheres agredidas sexualmente ; pelo menos três estupradas -, além de traumas físicos e psicológicos. Apenas 37 brasileiros, que estavam na madrugada do crime, resolveram voltar ao Brasil.

;Os brasileiros que vêm para o Suriname têm objetivos bem definidos. Em geral, é trabalhar duro no garimpo e fazer economia. Só depois voltar para o Brasil;, afirmou à Agência Brasil o embaixador brasileiro em Paramaribo, José Luiz Machado e Costa. ;Raros nos procuram querendo voltar. O mais frequente é que eles entrem mata adentro meses a fio.;

O diplomata disse ainda que depois do ataque houve uma mudança de comportamento entre vários dos cerca de 18 mil brasileiros que vivem no Suriname. Segundo Machado e Costa, aumentou o grau de dependência dos brasileiros em relação ao governo, no caso a embaixada. De acordo com ele, é como se a representação diplomática fosse a base de segurança para essas pessoas.

;Os que estão longe de suas casas (a maioria dos desalojados está abrigada em hotéis na capital do Suriname) querem voltar, mas ainda temem pelos riscos, embora Albina não seja um local de permanência dos brasileiros, mas apenas de passagem;, afirmou o embaixador. ;Eles (os que estavam na madrugada do ataque) seguem a nossa recomendação de, por enquanto, não retornar àquela área. É melhor aguardar mais um pouco, segundo as próprias autoridades do Suriname.;

O ataque aos brasileiros virou tema de discussões políticas no Suriname. Políticos locais afirmam que depois das agressões ficará impossível o convívio entre brasileiros e quilombolas (os ;marrons;, descendentes de escravos). Mas o embaixador rebateu essas afirmações. ;Em outras regiões do Suriname, o convívio é tranquilo e sem ameaças. É necessário compreender a complexidade deste país;..

O Suriname é um país com complexa diversidade étnica e religiosa. Com pouco mais de 470 mil habitantes, o país vizinho é apontado por especialistas como receptivo a estrangeiros. Há descendentes de escravos e dos ex-colonizadores holandeses, além de chineses, indianos, javaneses e brasileiros. Os ;marrons; vivem isolados e respeitam leis e regras próprias, causando divergências constantes com o governo surinamês.

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