LUANDA - O ônibus que transportava a seleção do Togo foi metralhado ao cruzar a fronteira entre Congo e Angola, onde será disputada a Copa Africana de Nações (CAN), e "dois jogadores foram feridos", relatou Thomas Dossevi, um dos atletas, à AFP.
"Fomos metralhados logo depois de sair do Congo, quando estávamos entrando em Angola. A dianteira do ônibus foi atingida por uma rajada, e todo mundo se jogou no chão. Dois jogadores ficaram feridos", explicou Dossevi à AFP, confirmando uma informação do canal Infosport.
"Um jogador foi baleado nas costas, e outro nos rins. O preparador de goleiros e o médico também foram atingidos. Alguns estão em estado grave. Não temos notícias deles, estão em um hospital em Cabinda", comentou.
Questionado mais cedo pela AFP, o comitê de organização da CAN afirmou que um pneu do ônibus tinha estourado, provocando um movimento de pânico.
"É lamentável falar isso", denunciou o jogador, visivelmente indignado. "Fomos metralhados. Se tivéssemos conseguido tirar fotos ou imagens, já estariam na internet", acrescentou.
"Estávamos cercados pela polícia. Tudo estava normal, quando fomos metralhados. Os policiais responderam. Parecia uma guerra. Estamos chocados. Nem queremos mais disputar a CAN. Pensamos nos amigos, nos jogadores feridos", contara Dossevi ao canal Infosport.
Dossevi disse que o goleiro Kodjovi Obilalé e o defensor Serge Akapo estão entre os feridos. "Akapo foi baleado nas costas. O encarregado da comunicação também foi ferido, e perdeu muito sangue", afirmou.
"Não temos notícias do Obilalé, ele também sangrava muito. Ser agredido dessa forma por um jogo de futebol não faz sentido", denunciou o jogador.
"Estamos chocados. Não é todo dia que jogadores de futebol são metralhados. Achávamos que uma coisa dessas só acontecia nos filmes. Não sei porque fizeram isso com a gente", declarou o meia Alaixys Romao ao Infosport.
"Há atletas feridos, membros da comissão técnica feridos, estamos aguardando notícias do hospital. Se pudermos boicotar a CAN, vamos fazê-lo. Só pensamos em voltar para casa", encerrou.
O Togo devia estrear contra Gana no dia 11 de janeiro em Cabinda.
O território de Cabinda, província angolesa rica em petróleo que fica entre a República Democrática do Congo (RDC) e o Congo, é assolado por um conflito separatista desde a independência de Angola, em 1975.