Agência France-Presse
postado em 08/01/2010 19:10
ROMA - Dois imigrantes ficaram feridos gravemente em choques com a população de Rosarno, no sul da Itália, anunciou nesta sexta-feira (8) o prefeito de Reggio Calábria, Luigi Varratta. No total, 37 pessoas foram feridas no confronto, sendo 19 estrangeiros e 18 policiais.
Um dos feridos em estado grave é um africano que foi golpeado com barras de ferro na estrada que leva aos galpões onde vivem trabalhadores estrangeiros, a maioria africanos, contratados para a colheita de laranjas e tangerinas.
O africano foi operado de um ferimento na cabeça no hospital de Reggio Calabria, revelou a prefeitura. O outro ferido em estado grave foi surrado com porretes, disse Varrata. Segundo o prefeito, outros dois imigrantes foram atingidos nas pernas por disparos de escopeta.
Desde a noite de quinta-feira ocorrem protestos de imigrantes africanos na zona de Rosarno, em resposta aos ataques da população local. "Fora! Que tenham medo. Não os queremos aqui" - disse um jovem italiano à TV local, expressando o sentimento da população de Rosarno.
O presidente da República, Giorgio Napolitano, fez um apelo à calma e ao "fim da violência". As autoridades reforçaram o esquema policial e pediram à população que evite os confrontos. "É preciso garantir o controle do território e oferecer segurança a toda a população", declarou o chefe da polícia italiana, Antonio Manganelli.
Os incidentes começaram na noite de quinta-feira, quando desconhecidos atiraram com armas de ar comprimido contra um grupo de imigrantes, ferindo levemente várias pessoas.
Na manhã de hoje, cerca de 2 mil imigrantes ocuparam o centro de Rosarno, dando origem a confrontos que danificaram lojas e veículos. Paralelamente, um grupo de moradores ocupou a prefeitura local para pedir a expulsão dos imigrantes, enquanto um homem dava tiros para o alto para dispersar manifestantes.
Os imigrantes africanos na região, a maioria procedente de Togo, Gana, Sudão, Mauritânia, Congo e Senegal, trabalham até 20 horas por dia nas colheitas de tangerina, laranja e tomate, por uma diária de 25 euros.
Para o ministro italiano do Interior, Roberto Maroni, do partido xenófobo Liga Norte, as tensões registradas em Rosarno "são fruto do excesso de tolerância em relação a imigração clandestina".