Agência France-Presse
postado em 14/01/2010 12:47
RIO DE JANEIRO - As ruas de Porto Príncipe se transformaram no cenário de saques e disparos, relatou Valmir Fachini, porta-voz da ONG Viva Rio, que realiza ações sociais no Haiti.
"Lamentavelmente, não vemos a Minustah (força da paz da ONU) nas ruas. Ouvimos vários disparos de armas de fogo sem poder dizer de onde vêm. Os saques começaram nos supermercados, que desabaram parcialmente", contou Fachini. "Tememos que, se a comida não chegar, eventualmente a população comece a saquear as casas", afirmou ainda o porta-voz da organização não-governamental que emprega cerca de 400 haitianos nas ações de desenvolvimento social.
"Os disparos são constantes e temos a impressão de que se trata de famílias que tentam se proteger de ladrões", acrescentou.
Num primeiro momento, segundo Fachini, os alimentos desapareceram dos mercados. "Na quarta, fomos até os bairros mais populares onde ainda se encontrava um pouco de comida e foi possível fazer uma reserva para um ou dois dias. Além disso, conseguimos um pouco de água esta manhã", contou.
Segundo o voluntário brasileiro, na sede da entidade Viva Rio existem reservas de água de chuva, que servem para ajudar a população do bairro onde a ONG se encontra situada, em Pacot.
Em outro bairro onde a organização atua, Bel Air, uma brigada de proteção comunitária, criada para atuar em situações de catástrofes naturais, prestou ajuda a centenas de pessoas que passaram a noite ao relento. Os feridos continuam chegando ao lugar em busca dos primeiros socorros, um banho, água e apoio moral.
Um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) decolou com direção ao Haiti com mais de 12 toneladas de ajuda, basicamente água e alimentos, para militares compatriotas e os sobreviventes do terremoto que devastou o país. Porta-voz da FAB indicou à imprensa que viajam 12 tripulantes e a carga enviada consiste de alimentos não perecíveis. Um segundo avião também levará efetivos da Defesa Civil do Rio, equipamentos para resgate e cães rastreadores.
O Brasil, que exerce o comando militar da Missão de Estabilização da ONU no Haiti, enviou seu ministro da Defesa e a provou um fundo de 15 milhões de dólares para ajudar os haitianos.